Edvaldo Nogueira abre VIII Fórum do Forró

Na noite dessa segunda-feira, 15, a Prefeitura de Aracaju realizou mais uma edição do Fórum do Forró. O homenageado desta vez foi o cantor e compositor Jorge de Altinho e o tema foi ‘O forró de Jorge de Altinho e a inovação dos metais no forró'. O artista

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, fez a abertura do evento e ressaltou a importância de conhecer a vida e a obra de Jorge de Altinho. ''Jorge é uma figura extraordinária, um compositor maravilhoso, que consegue manter o forró autêntico com poesia e linguagem sofisticada, mas não podemos esquecer da introdução dos metais no forró, que aconteceu por causa dele'', declarou.


 


''Quando criança, eu ouvia as músicas do Trio Nordestino e não imaginava que algumas letras eram de Jorge de Altinho. Ele é um dos responsáveis por manter vivo o autêntico forró, então, essa homenagem é mais que justa'', disse Edvaldo.


 


O debate foi aberto pelo jornalista Pascoal Maynard, que atuou como mediador, e contou ainda com a participação dos cantores e compositores Petrúcio Amorim – um dos grandes parceiros nas composições de Jorge de Altinho – e Maciel Melo.


 


Homenagem


 


Jorge de Altinho contou que não esperava ser o grande homenageado do evento. ''Fui tomado de surpresa ao saber que eu seria o homenageado. Para mim é uma honra e uma responsabilidade estar aqui, pois essa é a oportunidade de falar da minha vida e carreira'', declarou.


 


Para Petrúcio Amorim, companheiro de longa data de Jorge de Altinho, a parceria só rendeu bons frutos. ''É uma satisfação ter Jorge como amigo e parceiro, ele me ensinou a compor forró e estar aqui falando da vida dele. Isso é de suma importância para as futuras gerações, pois foi graças a ele que o forró passou a tocar o ano inteiro nas emissoras de rádio e não apenas no período junino. Antes, depois do mês de junho, as capas de LP dos forrozeiros serviam apenas para tampar pote'', lembrou.


 


Segundo Maciel Melo, Jorge é referência para a geração atual. ''Ele quebrou os preconceitos contra o forró e assim iniciou uma nova fase da música'', disse. Presente ao evento, o professor José Paulino elogiou a preocupação da Prefeitura em manter o forró, mesmo com a crise que está presente em todo o mundo. ''Conhecer a história da música é a maior contribuição que a prefeitura pode proporcionar ao público aracajuano. Dessa forma apreciamos mais o que a gente já gosta'', observou. 


 


O debate teve a participação do público presente e também dos internautas, pois o fórum foi transmitido ao vivo pelo hotsite especial do Forró Caju 2009. No final, Jorge de Altinho fez uma apresentação especial, que contou com a participação de Petrucio Amorim, Maciel Melo, Amorosa, da Orquestra Sanfônica de Aracaju e do prefeito Edvaldo Nogueira, que tocou zabumba.


 


Presenças


 


Participaram do evento a secretária municipal de Educação, Tereza Cristina; a deputada estadual Tânia Soares; o vereador Chico Buchinho; a vereadora Rosângela Santana; a superintendente da Aperipê TV Indira Amaral; a presidente da Ademi-SE, Danusa Siva; além de um dos idealizadores do fórum Paulo Côrrea; e dezenas de forrozeiros, a exemplo de Jailson do Acordeon, Erivaldo de Carira, Joza, Lourinho do Acordeon, Amorosa, entre outros.


 


Jorge de Altinho


 


Nascido em Olinda (PE), Jorge de Assis de Assunção é filho de Anízio Brasilino de Assunção, proprietário de um posto de combustível, e Maria Assis de Assunção. Seu pai, desejando uma vida mais tranqüila, mudou-se com a família para o município de Altinho, onde passou a comercializar secos e molhados, uma espécie de embrião do ramo de supermercados de hoje.


 


Jorge entrou na música por acaso, pois nunca pensou em ser cantor, porque na época era difícil gravar, uma vez que só existiam gravadoras no Rio de Janeiro e em São Paulo. ''Eu tinha o hábito de estudar as matérias escolares ouvindo rádio e um dia eu escutei a música ‘Menina Linda', de Renato e Seus Blue Caps. Copiei a música na capa do caderno porque era bonita e curtinha. Chegando na escola, dois amigos queriam tocar a música e não sabiam a letra. Ai eu arrisquei. Cantei e agradei. No dia seguinte, copiei outras músicas e após várias cópias montamos uma banda'', relembrou.


 


Ele entrou em uma escola de música e chegou a fazer parte da filarmônica. No início dos anos 70, no clima de Jovem Guarda, criou o grupo musical The Big Boys, logo depois uma orquestra de frevo e uma banda de São João. ''Como aquilo não dava dinheiro, fui embora para Recife. Trabalhei na Mesbla e em 1974 fiz um concurso para um órgão do governo do Estado'', contou.


 


Jorge passou no concurso e se transferiu para o sertão. ''Lá escrevi duas músicas de forró, que agradaram bastante. Luiz Gonzaga passou na cidade comentaram sobre mim, mas ele não se interessou. No entanto, o Trio Nordestino pediu para me conhecer e o Lindu de cara gostou do xote ‘Sapo cururu' e de uma homenagem que fiz ao pai de Luiz Gonzaga, ‘Fole de Ouro'. Eles gravaram essas duas músicas. Um dia eu estava viajando de ônibus quando o locutor anunciou o primeiro lugar: Sapo Cururu. Eu gritei para todos ouvirem: ‘Essa música é minha!'. Quando  cheguei em Caruaru, a música também  estava estourada'', relatou.


 


No ano seguinte, o Trio Nordestino o procurou novamente. Foram recepcionados com ‘A separação', que também estourou nas emissoras de rádio. Depois foi o ‘Forró quentão' e por aí não parou mais. ''Comecei a aparecer como cantor após a música ‘Petrolina e Juazeiro', gravada pelo Trio Nordestino, que na época só gravou a música para fazer uma homenagem à irmã. Depois mais uma música de homenagem a uma cidade estourou com Trio Nordestino: ‘Caruaru é a capital do forró'. Eles acharam que a música não ia ser sucesso porque acreditavam que duas músicas em homenagem a cidade não tinha espaço na mídia'', disse Jorge.


 


Em 1980, Jorge de Altinho foi convidado para gravar um LP no Rio de Janeiro. Esse primeiro LP vendeu 80 mil cópias. Em 1982 gravou o segundo LP. Atualmente possui mais de 35 álbuns lançados, entre vinis, CD's e DVD's.