Tensão no Irã aumenta em dia de conflitos
A polícia do Irã prendeu neste domingo (21) membros do grupo opositor Mojahedin-e-Khalq (MEK), acusados de instigar os protestos de rua que prosseguem em várias zonas do país e choques entre manifestantes e forças pró-governamentais.
Publicado 21/06/2009 23:54
Segundo uma informação da agência IRNA, as forças de segurança realizaram operações de inteligência em grande escala, capturando vários integrantes da organização, identificada com as siglas MEK e com bases no exterior.
A polícia acusa os detidos os apoiadores do ex-premiê Mir-Hussein Mousavi de incitação a vandalismo. Mousavi insiste nas acusações de as autoridades do país terem cometido fraude nas recentes eleições presidenciais, a favor do mandatário Mahmoud Ahmadinejad.
Um porta-voz da polícia disse que os detidos estão por trás das concentrações gigantescas protagonizadas no Teerã e outras cidades por partidários de Mousavi, que derivaram em confrontos violentos, com saldo extraoficial de 13 mortos.
O governo reconhece a morte de oito pessoas e assegurou que investiga essas circunstâncias, ocorridas basicamente depois do surgimento de voluntários armados, conhecidos como Basiji, no campus da Universidade de Teerã, segundo manifestantes.
“O MEK tentou criar desordens na cidade e executar ataques terroristas”, agregou o porta-voz. Um canal da emissora pública iraniana mostrou neste domingo gravação de uma conversa desses opositores com seus líderes no estrangeiro, que sugerem executar atos de vandalismo, como queimar postos de combustível, ônibus e instalações dos Basiji.
A tensão continua aumentando, ainda que Mousavi se declarou pronto para o “martírio”, em referência a sua suposta detenção “por transgredir a ordem” e “desacatar” o chamado à calma feito na sexta-feira passada pelo líder supremo da república islâmica, aiatolá Ali Khamenei.
Uma carta do candidato derrotado nas eleições ao Conselho de Guardiães, máxima autoridade constitucional do país persa, teria dado novo ímpeto aos protestos de rua, pois denunciou que o suposto roubo de votos foi algo “planejado” de antemão para favorecer Ahmadinejad.
Apesar dos choques violentos, o chefe da polícia nacional do Irã, Ismaeil Ahmadi-Moqaddam, assegurou que a estratégia dessa corporação tem sido mostrar “tolerância” para os apoiadores de Mousavi.
Em uma carta a Mousavi, Ahmadi-Moqaddam desmente supostos relatórios publicados em sites sobre supostas medidas repressivas “drásticas”, embora adverta que “de agora em diante”, os agentes da ordem enfrentariam com força qualquer ato de rua considerado ilegal pelas autoridades.
O vice-chefe de polícia, Ahmadreza Radan, reitera as advertências, exibindo como argumento 10 mil queixas de cidadãos de Teerã contra os manifestantes, por causa do caos social, enquanto aponta também 400 policiais feridos.
“Aqueles que tomem as ruas serão presos e processados, e os incitadores terão de se ater às conseqüências”, sublinhou Radan, que assegurou que, em uma manifestação não autorizada é “muito difícil” distinguir entre manifestantes pacíficos e agitadores violentos.