Livro aborda motivos e implicações da reativação da 4ª Frota
Em um esforço para difundir e discutir um tema que afeta o conjunto da sociedade latino-americana, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) está lançando o livro “A reativação da Quarta Frota no atual contexto da Améric
Publicado 23/06/2009 11:51
O livro será divulgado nos encontros estaduais preparatórios à 2ª Assembléia Nacional do Cebrapaz, que acontece nos próximos dias 24, 25 e 26 de julho, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, ocorrerá o lançamento nacional da publicação, que reúne textos da presidente do Cebrapaz, Socorro Gomes; dos cientistas políticos Flávio Rocha e Paulo Kuhlmann; do jornalista Igor Fuser; do pesquisador argentino Atílio Borón; e do diretor do Cebrapaz, José Reinaldo Carvalho.
Com abordagens e enfoques diversos, os textos chamam atenção para o cenário em que reaparece a Quarta Frota. Uma divisão da Marinha dos EUA, esse poderoso instrumento de intervenção bélica estadunidense foi criado em 1943, para patrulhar o Atlântico Sul durante a 2ª Guerra. A frota havia sido desativada em 1950, mas, em 24 de abril do ano passado, a marinha norte-americana anunciou seu restabelecimento.
A iniciativa ocorreu em um contexto em que a América Latina ruma para a consolidação de um bloco regional, que se caracteriza pelas posturas solidárias e independentes, construindo fóruns regionais – como o Mercosul, a Unasul, a Alba e o Conselho de Defesa Sul-Americano – e afastando-se da tutela dos EUA. O relançamento também surge em uma momento em que o Brasil realiza importantes descobertas petrolíferas.
De acordo com Socorro Gomes, tanto o seminário quanto o livro fazem parte da campanha que o Cebrapaz realiza em conjunto com a Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), cujo objetivo inicial é gerar conhecimento sobre o que é a Quarta Frota, seus motivos e consequências.
Em seu texto que integra a publicação, ela defende que a reativação da Quarta Frota é “parte da estratégia dos EUA de utilizar seu poderio bélico para controlar o conjunto das rotas e fluxos comerciais existentes na região, fontes de recursos naturais, além de evitar o surgimento de novos polos de poder político e econômico”.
Já José Reinaldo Carvalho, que é secretário de Relações Internacionais do PCdoB, avalia que não restam dúvidas de que se trata de uma medida intimidatória, coerente com as orientações emanadas da chamada doutrina Bush. Ele também destaca a importância que o poder naval tem para o estabelecimento e a manutenção da hegemonia imperialista.
O jornalista Igor Fuser, por sua vez, lemba que a Casa Branca sempre considerou a América Latina como um 'quintal' dos Estados Unidos, um fornecedor garantido de recursos energéticos. Mas este quadro teria se alterado nos últimos dez anos, com a recente afirmação de autonomia dos países da região em relação aos EUA.
“Diante de um futuro carregado de incertezas, os estrategistas estadunidenses tratam de se preparar para todas as contingências, inclusive para a possibilidade extrema de agir militarmente para garantir seus 'interesses vitais'”, avalia Fuser.
“A reativação da Quarta Frota no atual contexto da América Latina” tem 61 páginas e pode ser adquirido no Cebrapaz por R$ 5,00. A iniciativa tem o apoio da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).