Não festejamos a saída do PMDB do governo Wagner, diz Péricles

Em entrevista ao Portal Vermelho Bahia, Péricles de Souza disse não haver motivos para comemorar a saída do PMDB do governo Wagner, apontada como uma decisão unilateral, e destacou a articulação – “muito bem conduzida por Jaques Wagner” – das novas alianças com o PP, PDT e PSC. “Há uma recomposição no sentido de garantir a continuidade administrativa e também de preparação da disputa eleitoral de 2010. (…) E esperamos que, num eventual segundo turno, o PMDB apóie a chapa liderada por Wagner”.

O presidente do PCdoB/BA ainda adianta os planos do partido para 2010 e destaca a pretensão de compor a chapa majoritária com o Haroldo Lima para o Senado. “Há nomes ainda em cogitação e o de Haroldo está posto como um dos fortes na disputa por um das vagas”, pontuou. Confira na íntegra:

Portal Vermelho Bahia – Que análise você faz sobre as últimas articulações e especulações da relação do Governo Wagner com o PP, PDT e, até mesmo o PSC, após o rompimento com o PMDB?

Péricles de Souza
– Nós não festejamos a saída do PMDB do Governo. O PMDB é um partido necessário à governabilidade e à preparação das eleições de 2010; tanto em plano estadual, quanto em plano nacional. Ele tomou, entretanto, uma atitude soberana, unilateral, saindo do governo e não ficou outra alternativa ao governador Wagner que não fosse a articulação ou a rearticulação da sua frente partidária. Partidos que, em plano nacional, estão compondo o projeto liderado pelo presidente Lula e não estavam, aqui na Bahia, participando do governo Wagner, vieram para o Governo numa articulação ampla, conduzida muito bem pelo governador. PP, PSC e PDT são partidos relativamente fortes aqui e, de certa maneira, irão ocupar, no Governo, espaços deixados pelo PMDB. Há uma recomposição no sentido de garantir a continuidade administrativa e também de preparação da disputa eleitoral de 2010. Nós achamos que o governador agiu corretamente ao, logo após a saída do PMDB, convocar esses partidos do centro, centro-direita, para ajudarem na administração, já que força somente dos partidos mais à esquerda não tem condições de governar sozinha, neste momento, o Estado da Bahia.

V – E no campo da oposição, qual a sua opinião sobre a composição de alianças na disputa das eleições de 2010?

PS – O PMDB tem dito, através dos seus dirigentes, que terá candidatura própria ao governo do Estado e, em plano nacional, estará apoiando a candidatura da frente liderada por Lula, provavelmente da ministra Dilma (Rousseff). O dirigente principal do PMDB na Bahia é ministro do governo Lula, portanto espera-se que essa frente ou candidatura promovida pelo PMDB esteja no campo do governo em plano nacional. E aqui, nas eleições estaduais, esperamos que, num eventual segundo turno, o PMDB apóie a chapa liderada por Wagner. O outro campo, que é o mais forte de oposição aqui na Bahia, liderada pelo ex-governador Paulo Souto e pelos que vieram do grupo de Antônio Carlos Magalhães, estão unidos com o PSBD. É uma situação nova na política da Bahia uma aliança PSDB – DEM, o carlismo, e pretendem disputar conosco a hegemonia ou a direção do governo do Estado. Nós achamos que são, ainda, adversários fortes, têm ainda prestígio no eleitorado, mas o resultado da eleição passada, o resultado da eleição municipal, as pesquisas atuais e os êxitos do governo Wagner nos dão certa tranqüilidade de que vamos derrotar esse grupo.

V – Qual o mais provável leque de alianças em torno da candidatura de Wagner?

PS – O leque de alianças atual; PT, PCdoB, PSB, que são partidos tradicionais do centro do governo. O PV, mesmo tendo candidata, como está se anunciando, à presidência da República, mas, na Bahia, ele deve ficar na aliança com o governo Wagner. Os partidos que estão vindo mais recentemente; o PP, o PDT e o PSC. Esses, e mais algumas legendas menores, devem compor um arco de alianças bastante grande em torno da candidatura de Wagner.

V – E o que o PCdoB pretende para as eleições de 2010?

PS – Nosso projeto de 2010, já tornado público, prevê a eleição de três deputados federais; Alice Portugal, Edson Pimenta e Daniel Almeida, que devem disputar a eleição em coligação com o PT. Pretendemos ampliar nossa bancada de deputados estaduais, hoje composta por três companheiros e devemos ter uma chapa numerosa, em coligação com algum outro partido com candidatura menos competitivas. E temos o nome de Haroldo Lima colocado à disposição da frente para a composição da chapa majoritária numa das vagas ao Senado. Aí existem vários pretendentes, vários nomes citados, como o ex-governador Otto Alencar, a deputada Lídice da Mata; enfim, há nomes ainda em cogitação e o de Haroldo está posto como um dos fortes na disputa por um das vagas ao Senado.

De Salvador,
Camila Jasmin