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Premiê chinês pede cautela em relação à recuperação econômica

O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, expressou cautela com relação à recuperação econômica do país, dizendo que os efeitos de algumas políticas domésticas de curto prazo poderão gradualmente se dissipar, enquanto que as de longo prazo vão demorar a ter impacto.

 No encerramento de uma visita de três dias à província de Zhejiang, Jiabao alertou que as pessoas não devem ficar "cegamente otimistas", de acordo com um comunicado divulgado pelo Conselho de Estado. Isso indica que Pequim sente que é cedo demais para estudar a saída do pacote de estímulo fiscal de 4 trilhões de iuans (US$ 585 bilhões) que impulsionou a economia do país.

Os comentários de Jiabao também destacam a tensão crescente no debate político da China; enquanto o governo pede que se mantenha o curso das políticas atuais, alguns congressistas começam a argumentar em favor de uma forte contenção da expansão do crédito no segundo semestre. O primeiro-ministro reiterou que a China tem de manter a estabilidade nas políticas macroeconômicas, o que inclui uma moderada política de afrouxamento monetário e uma política fiscal ativa.

População

O ministro-conselheiro Zhu Qingqiao, encarregado de negócios da Embaixada da China que está no Brasil com uma delegação chinesa, lembrou que países como China e Brasil que passaram por rápidos processos de industrialização e urbanização precisam saber como a população pode desfrutar do desenvolvimento econômico. Segundo ele, ao mesmo tempo em que cresce a economia, tem que haver proteção social.

Os chineses foram recebidos pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo, ligado ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e à Secretaria de Assuntos Estratégicos. Na pauta também, a troca de experiências em políticas sociais, que foi tema de debate em seminário internacional sobre proteção social nos dois países, na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília.

Recuperação

O assunto também foi tema do economista indiano Lal Chugh, professor da Universidade de Massachusetts. Segundo ele, a recuperação da crise não chegou para os Estados Unidos, mas para Brasil, China, Índia e alguns países europeus esse processo já começou.

Para ele, ainda que a China cresça mais que o Brasil, aqui a retomada deve ser mais sólida. "O Brasil vai crescer em 2010 e pode até ter PIB positivo em 2009. A China está crescendo um pouco rápido demais e o sistema bancário está cheio de dívidas ruins. Já o sistema bancário no Brasil está em boas condições e o país pode ter uma recuperação mais sólida do que a da China", explicou.

Recursos

Para Chugh, é preciso cautela em relação à China. "Os bancos estão muito liberais e isso pode gerar algum problema no futuro. E a bolsa chinesa deve continuar com altos e baixos", disse. Em relação ao Brasil, a cautela deve estar no fluxo de entrada de recursos no país. "Creio que seria bom o Brasil adotar algumas regras para controle de fluxo de entrada".

Segundo ele, o risco está em haver entrada muito rápida e abundante de recursos que poderiam sair com algum movimento de aversão a risco. No entanto, ele reconhece que isso não deve ocorrer. "Todos os países gostam de receber recursos e adoram bolhas", acrescentou.

Com agências