Acordo militar EUA e Colômbia coloca em risco outros países
O acordo militar entre os Estados Unidos e a Colômbia não se resume a ações com escopo em território colombiano, mas abre caminho para atuação das forças armadas norte-americanas em toda a América do Sul. A denúncia foi feita nesta quarta (18), em plenário, pelo deputado José Genoino (PT-SP) baseado em documentos oficiais da Força Aérea dos EUA que fundamentam o orçamento de defesa norte-americano para o próximo exercício fiscal 2009/10.
Publicado 18/11/2009 17:56
"Esse documento coloca como réu-confesso a política norte-americana na tentativa de influir, intervir, pressionar a América do Sul, tendo como alvo o combate aos movimentos sociais e aos governos progressistas conceituados aqui como anti-Estados Unidos, especificamente a Venezuela, Bolívia e Equador", denunciou Genoino. O documento afirma que o acordo com a Colômbia é uma "oportunidade de conduzir operações de todo tipo na América do Sul".
Num dos trechos divulgados por Genoino, os militares dos EUA dizem que , no caso da base colombiana de Planquero, o acordo melhora a "Estratégia de Postura de Defesa Global dos EUA" e ainda fornece oportunidade para conduzir "operações de amplo espectro na América Latina". A utilização da base também serve de apoio à "mobilidade das missões, fornecendo acesso ao continente inteiro", acrescenta o documento divulgado pelo parlamentar do PT.
A base de Planquero fornece condições para uso conjunto com o Exército, Força Aérea, Marinha e Inteligência dos EUA. Os norte-americanos afirmam que as operações militares "de todo tipo" aplicam-se a uma sub-região crítica do Hemisfério, "onde a segurança e a estabilidade estão ameaçadas por constantes movimentos insurgentes, ligados ao narcotráfico e de governos anti-Estados Unidos", informou Genoino.
Essa é a fundamentação do documento que trata especificamente das sete bases militares norte-americana na Colômbia . O acordo, além de Planquero, abrange ainda as bases de Malambo, Tolemaida, Sarandi, Apiaí, Cartagena e Málaga.
Na proposta encaminhada aos Congressos dos EUA, a Força Aérea daquele país especifica, nos gastos para a construção das bases militares, a profundidade de controle aéreo na América Sul, de controle estratégico na sub-região.
Para Genoino, o conteúdo do documento atesta a procedência das críticas feitas pela esquerda latino-americana – inclusive o PT – e pelos presidentes da Venezuela, Equador e Bolívia contra a instalação das bases militares dos EUA na Colômbia.
O governo brasileiro também fez gestões diplomáticas a fim de garantir mais transparência nos reais objetivos das bases dos EUA no país andino. O Congresso norte-americano votou o Orçamento para o ano de 2010, já no Governo de Barack Obama, com a previsão de recursos para implementar o acordo militar com Bogotá.
Fonte: Informes PT