Metalúrgicos conquistam retorno do turno de revezamento

Foram 13 dias de força e determinação. A greve na Caraíba Metais, na Região Metropolitana de Salvador, chegou ao fim com um saldo positivo para os trabalhadores. Mesmo sob a constante ameaça da polícia da Caatinga, segundo o Sindicato da categoria, utilizada para coibir a paralisação e intimidar os trabalhadores, e à encarcerarem de muita gente na fábrica durante vários dias, o movimento conseguiu derrubar o turno de horário fixo e garantir o retorno do horário de revezamento.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Dias D’Ávila, Valbiraja Souza, o esforçou que envolveu grande parte dos trabalhadores, valeu à pena. “A Caraíba não acreditava que tivéssemos disposição suficiente para entrar nessa briga e mobilizar os trabalhador. O resultado foi uma adesão maciça do chão de fábrica em todos os dias de greve”.

A decisão de encerrar o movimento foi tomada pelos trabalhadores em assembléias realizadas na noite de quinta (26) e na manhã desta sexta-feira (27), na porta da empresa. O entendimento entre Sindicato e empresa prevê quatro turmas de oito horas, pagamento dos adicionais legais e mais um abono de 5% do salário por um período de dois anos, quatro meses de estabilidade no emprego, além do não desconto dos dias parados na folha de pagamento e nenhuma retaliação aos trabalhadores que participaram da greve.

Disputa até na Justiça

A luta pelo retorno do horário de revezamento se deu muito antes do início da greve. Desde o anúncio arbitrário da mudança da jornada de trabalho pela Caraíba Metais, em março, os trabalhadores começaram a sentir na pele os efeitos danosos do turno fixo: aumento dos acidentes de trabalho, do nível de estresse, do esgotamento físico e mental, sem falar na completa destruição da vida social e familiar dos empregados.

O Sindicato buscou discutir com a Caraíba Metais o assunto, mas foi em vão. A empresa adotou uma postura resistente e irresponsável, se recusando a qualquer negociação. Sindicato, então, ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho, dando início a uma disputa judicial marcada por manobras da Caraíba na Justiça de Camaçari para derrubar as seqüenciais vitórias conquistadas pelo Sindicato junto aos desembargadores do TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

Com clima acirrado no chão de fábrica, o Sindicato fez assembléias e junto com os trabalhadores deflagrou a greve por tempo indeterminado, culminando com a vitória que possibilitou o retorno do regime de revezamento, que já existia há quase 20 anos. “Essa não foi uma greve por dinheiro ou qualquer outra questão de natureza econômica. Essa greve foi pelo resgate da dignidade do trabalhador”, diz Antônio Viana Balbino, presidente da Federação dos Metalúrgicos da Bahia.

Fonte: Assessoria de Comunicação