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Aumenta a dependência econômica dos EUA em relação à China

Inutilmente, o presidente norte-americano, Barack Obama, visitou a China, competidor dos EUA. A China que enfrentou a crise econômica mais como oportunidade para crescer do que como ameaça, enquanto, os EUA foram atingidos por duro golpe da crise mundial e agora dependem cada vez mais das reservas cambiais da emergente superpotência econômica para financiarem com "dinheiro quente" sua evolução à recuperação.

Por Lee Wong, no Monitor Mercantil

"Cerca de três décadas desde que os dois países restabeleceram suas relações diplomáticas, o equilíbrio de suas relações tende mais ao lado da China", observa a revista alemã Der Spiegel. Entretanto o milagre econômico do Oriente dissimula uma interna "guerra fria" entre a China e a Índia, uma queda-de-braço em busca do predomínio geopolítico e econômico não só em toda a Ásia, mas, agora também, na África.

A autoconvicção dos chineses é conhecida de todos. Eles acreditam que saíram lucrando da crise financeira, e os números não os desmentem. O ritmo de crescimento da economia chinesa atingiu 9% no terceiro trimestre deste ano, no momento em que as economias do Ocidente se arrastam em busca de formas para sair da queda e enfrentar as seríssimas consequências da bienal crise.

No momento em que os EUA agonizam para enfrentar seus próprios problemas internos, como o desemprego que já atingiu e superou o nível de 10%, os chineses movem-se, estrategicamente, para expandir suas própria influência econômica, não só sobre a Ásia, mas também sobre os países da África, os quais dispõem de consideráveis fontes de recursos naturais.

O governo de Pequim já desdenha aberta e ostensivamente o predomínio econômico dos EUA, com dinamismo e agressividade, baseando-se – entre outros – na vantagem que lhe garante a população de 1,3 bilhão de habitantes do país.

Condições "favoráveis"

A China é – com grande diferença – o maior credor dos EUA, enquanto mantém em sua custódia mais de 1/4 do total dos bônus estatais emitidos pelo governo norte-americano. Isto constitui a explosão das reservas cambiais da China a um total já invisível.

Além disso, a China é o mais importante fornecedor de bens de consumo dos EUA. A famosa "forma norte-americana de vida" já é made in China, com o mercado consumidor norte-americano repleto de toda espécie de produtos, fabricados na China.

Entretanto, a "guerra fria" da China com a Índia adentrou em nova fase, em nível geopolítico e econômico. As relações entre os dois gigantes emergentes do Oriente haviam melhorado durante certo tempo graças à economia: o total de suas transações comerciais saltaram de US$ 3 bilhões, em 2000, para US$ 51 bilhões, ano passado.

Os dois países chegaram a ponto de realizar até exercícios militares conjuntos. Contudo, neste ano, o clima mudou, quando a autoconfiante China tentou expandir sua influência econômica e militar na África, onde encontrou a "resposta" da Índia.

Em nível econômico, o campo básico da disputa entre os dois países é a África. A China começou a se aproximar dos países do continente africano há uma década, realizando investimentos baseados em empréstimos em condições excepcionalmente favoráveis e desenvolvendo fortes relações comerciais.

A Índia não demorou a entrar no jogo da influência econômica na África, com objetivo de competir com a China e limitar sua liberdade de movimentos. Os investimentos da China na África atingem US$ 55 bilhões. A Índia acompanha sua concorrente com alguma distância. Seus investimentos na África atingem apenas US$ 25 bilhões, mas move-se com rapidez para construir uma ponte sobre a diferença.

No âmbito de uma reunião de cúpula entre a Índia e os líderes dos países africanos, os indianos prometeram – ano passado – créditos totalizando US$ 5 bilhões e centenas de milhares de dólares em forma de "ajuda econômica" (leia-se a fundo perdido). Prometeram…

Já a China não ficou de braços cruzados e não prometeu, mas, semana passada, liberou o dobro da promessa da Índia, isto é US$ 10 bilhões, após ter formalizado inúmeros acordos de muitos bilhões de dólares para explorar os recursos naturais dos países favorecidos, garantindo-lhes, ainda, a realização de obras de infra-estrutura.