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Ex-secretários de Arruda lideram CPI que o investiga

Em reunião realizada nesta segunda-feira para escolha de cargos dentro da CPI da Corrupção, que vai investigar o mensalão do DEM em Brasília, o deputado distrital Alírio Neto (PPS) foi escolhido, por quatro votos a um, para presidir a comissão. Alírio Neto é aliado do governador José Roberto Arruda (sem partido) e antes do escândalo ocupava a Secretaria de Justiça e Cidadania do Governo Distrito Federal.

O deputado petista Paulo Tadeu ainda tentou disputar o cargo, mas foi derrotado pela ampla maioria governista, que existe não só na CPI como em todas as comissões da Casa. Tadeu ainda argumentou que, apesar da maioria governista, o ideal seria que um membro da oposição ocupasse o comando da CPI para garantir que os trabalhos fossem conduzidos de forma isenta.

A primeira reunião da CPI foi marcada por Alírio para esta quinta-feira (14/1), às 15h. O deputado Paulo Tadeu chegou a requerer a convocação imediata do ex-secretário de Relações Institucionais do governo Durval Barbosa – autor das denúncias que originaram a operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal – para prestar esclarecimentos à CPI, mas os demais integrantes do grupo optaram por manter um prazo inicial até dar início efetivo aos trabalhos.

Barbosa é o autor de dezenas de vídeos anexados ao inquérito que mostram deputados distritais recebendo dinheiro do suposto esquema de recebimento e distribuição de propina e está sob guarda do Programa de Proteção à Testemunha do Ministério da Justiça desde que o escândalo do DF foi deflagrado.

O requerimentode Paulo Tadeu e um outro, pedindo que os distritais tenham acesso à íntegra do inquérito 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) – relativo à Operação Caixa de Pandora –, devem ser analisados na reunião desta semana.

CCJ

Na composição da Comissão de Constituição e Justiça da Casa (CCJ) – uma das responsáveis por analisar os pedidos de impeachment contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda –, a situação se repetiu. São quatro deputados governistas e um representante da oposição.

O distrital Geraldo Naves (DEM) foi eleito o novo presidente, enquanto Dr. Charles (PTB) ficou com a vice-liderança. A decisão saiu no início da tarde, quando foram escolhidos, ainda, os outros três integrantes: Eurides Brito (PMDB), Batista das Cooperativas (PRP) e o único representante da oposição, Chico Leite (PT), que também concorreu à presidência do grupo e foi vencido.

Geraldo Naves ainda não marcou data para a próxima reunião da CCJ. O deputado afirmou que, primeiro, vai analisar a adminissibilidade dos processos de impeachment contra o governador Arruda, aceitos pela Procuradoria da Casa.

Com isso, a escolha dos membros que integrariam o comando da Comissão Especial, responsável por analisar o mérito dos pedidos de impeachment, foi adiada, aguardando parecer prévio que confirme a necessidade da criação do grupo.

Até então, a eleição da presidência e da relatoria da Comissão Especial também estava marcada para esta segunda-feira. Participam do grupo os deputados Cristiano Araújo (PTB), Alírio Neto (PPS), Batista das Cooperativas (PRP), Geraldo Naves (DEM) e mais uma vez o único representante do grupo contrário, Chico Leite (PT).

Solução no Judiciário?

Alguns deputados como José Antonio Reguffe (PDT) e Jaqueline Roriz (PMN) não puderam participar das comissões, porque não fazem parte de nenhum bloco partidário.

Na avaliação de Reguffe, como os aliados de Arruda são maioria nas comissões, é pouco provável que o esquema de corrupção envolvendo o governo local seja investigado pelo Legislativo. "A solução vai passar pelo Judiciário. Não vai partir da Câmara onde a maioria é governista", disse Reguffe.

Ele informou que, durante a reunião geral nesta manhã, foi pedido ao deputado Leonardo Prudente para que deixe a presidência da Casa, uma vez que ele também é alvo de investigação. O pedido foi feito pelos quatro deputados do PT e Reguffe, que formam o bloco oposicionista.

Prudente, no entanto, insiste em permanecer no cargo. "É um deboche com a população o Prudente continuar na presidência. Em nenhum país sério um investigado conduz sua própria investigação.

Protestos

Enquanto a pauta estava movimentada dentro da Casa, a Polícia Militar e integrantes do grupo "Fora Arruda e toda a máfia" – formado por estudantes e grupos sociais indignados com as denúncias que vieram à tona com a Operação Caixa de Pandora – quase entraram em confronto.

Estudantes e sindicalistas chegaram logo pela manhã na sede do Legislativo com faixas e palavras de ordem que pediam a cassação do governador do DF, José Roberto Arruda. O presidente da Câmara Legislativa decidiu que a população não terá acesso à Casa. 
 
Com agências