PCdoB-SP discute a disputa para o governo de São Paulo

A Comissão Política Estadual do PCdoB debateu, nesta segunda-feira, 15/03, o cenário da disputa nacional e estadual para as eleições de outubro e tirou encaminhamentos relativos à estruturação das pré-campanhas do partido para o legislativo estadual e federal e para o Senado, com a pré-candidatura de Netinho de Paula.

Para a presidente estadual do PCdoB, Nádia Campeão, a marca principal do quadro político de São Paulo é a indefinição das candidaturas. “Essa demora já está criando impasses e está permitindo aos tucanos fazerem o que querem no Estado. O PSDB está mobilizando prefeitos em torno dos candidatos Aloísio e Alckmin, que podem um ser candidatos ao governo e ao senado. O contraponto do nosso campo é muito fraco, porque não existe uma frente ainda que permita uma programação comum aos partidos”, avalia Nádia. “Com a desencompatibilização de Serra e da Dilma, em abril, a campanha já vai estar na rua e corremos o risco de São Paulo ainda estar sem cadidatos”, alerta.

Os movimentos em torno da disputa do Palácio dos Bandeirantes não estão parados. Há algumas pré-candidaturas como a de Paulo Skaf, do PSB, há os rumores de uma possível vinda de Ciro Gomes, o PT se movimenta em torno de Mercadante. Mas tudo ainda de forma muito tímida. “Isso porque se criou uma forte expectativa de uma unidade de todos os partidos que são hoje base do governo Lula em torno de uma candidatura de Ciro Gomes. Nós temos feito todos os movimentos nesse sentido, porque ainda acreditamos que essa seria a melhor alternativa para São Paulo. Mas temos que entrar numa nova fase e as sucessivas negativas do Ciro mostram pouca disposição dele para vir disputar o governo paulista”, observou Nádia.

O discurso da oposição

A presidente do partido, Nádia Campeão, fez uma breve atualização política nacional, com foco no crescimento da candidatura da ministra Dilma Rousseff, mostrado nas últimas pesquisas de intenção de voto. Nádia registrou os movimentos que a oposição tem realizado no sentido de apressar o lançamento da candidatura de José Serra para estancar o crescimento de Dilma. Destacou, ainda, o papel de alguns veículos da mídia para pautar. “A linha deles é falar da Nova República, dizendo que ela abriu um novo ciclo político e econômico para o país, e que os responsáveis por isso foram Tancredo e Fernando Henrique. No discurso da mídia e dos tucanos, o papel do governo Lula é rebaixado e tratado como coadjuvante, com isso, pretendem minimizar as conquistas e avanços obtidos nos últimos 8 anos e que são fruto de uma nova orientação do governo”, sublinhou Nádia.

Outro recurso que tem sido explorado exaustivamente pelos meios de comunicação e pela oposição conservadora é a criminalização dos movimentos sociais. “Eles criaram a CPI do MST para atingir os movimentos, tem a ação que corre no Supremo contra o financiamento das centrais sindicais, a ação do DEM contra a política de cotas”, tudo isso é para atingir os movimentos sociais, avalia.

O discurso de que o novo governo, ancorado nos movimentos sociais, vão tentar controlar os meios de comunicação também está na pauta de ação da oposição. “O Serra vai ser um embandeirado de nenhum controle sobre os meios de comunicação e vão tentar colar na Dilma que ela quer não um Estado ativo, mas um Estado pesado, estatista. Vão tentar cunhar a marca de que ela é radical e que vai ficar submetida aos grupos de matriz mais esquerdista. Podemos esperar uma campanha com este perfil”, avaliou.

Apoio à Dilma Rousseff

Nádia chamou a atenção para a necessidade do PCdoB atuar com nitidez nesse cenário para garantir a vitória do projeto político em curso no Brasil. “Nesse caso, a candidatura presidencial de Ciro Gomes só serve para dispersar e confundir”. O PCdoB tem avançado nas conversas com o PT no sentido de firmar o apoio à Dilma. Está marcado para o dia 08/04, em Brasília, um ato político do PCdoB em apoio à candidatura da Dilma. Os diálogos também têm reforçado a importância de dar destaque para o bloco de esquerda, que precisa crescer sua representação na Câmara e no Senado. “Não dá para ser como hoje, instável. Tem que crescer para que a esquerda possa influenciar mais no governo”, disse Nádia.

De São Paulo, Renata Mielli