Trabalhadores: Centrais intensificam mobilização
Apesar da pressão patronal, as 40 horas podem ganhar no voto, na Câmara dos Deputados
Publicado 18/03/2010 13:17 | Editado 13/12/2019 03:30

Aspiração histórica da classe trabalhadora que inspirou o 1º de Maio, a bandeira da redução da jornada de trabalho sem redução de salários, unificou o movimento sindical brasileiro na campanha nacional pelas 40 horas, que está ganhando corpo e provocando calafrios no patronato. São amplas possibilidades de vitória se a matéria for à votação no Congresso Nacional no curso deste ano eleitoral.
As centrais decidiram intensificar a mobilização nas bases e os sindicalistas prometem recorrer a greves e outras formas de manifestação para conquistar o benefício que, entre muitas outras vantagens, pode resultar na criação de 2,3 milhões de novos postos de trabalho, se a medida for acompanhada de uma maior restrição à realização de horas extras.
A batalha ocorre em duas frentes. As categorias estão em campanha reivindicando a redução do tempo de trabalho em suas bases, abrindo negociações diretas com as empresas, enquanto as centrais pressionam os parlamentares reclamando a votação imediata da PEC 231, dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS), que institui as 40 horas semanais e eleva de 50% para 75% o adicional incidente sobre as horas extras.
O patronato reagiu colocando em movimento um poderoso lobby no Congresso Nacional para que a votação seja adiada, pressentindo que em função do ano eleitoral poucos parlamentares terão coragem de votar contra a proposta, que tende a ser aprovada se for à apreciação do plenário da Câmara e do Senado, apesar de requerer quórum qualificado por implicar em emenda à Constituição.
“Estamos convencidos de que vamos ganhar esta briga se a PEC for submetida à votação. A proposta já foi aprovada por unanimidade na Comissão Especial da Câmera Federal”, lembrou o presidente da CTB, Wagner Gomes. “Será uma vitória histórica”, vaticinou, agregando que a campanha em curso “mostra a importância da unidade para elevar a força e o protagonismo da classe trabalhadora e das centrais no cenário político nacional”.
Os sindicalistas sustentam que a redução da jornada contribuirá decisivamente para o desenvolvimento nacional, pois fortalece o mercado interno e estimula o crescimento da economia. Reduzir o tempo de trabalho é um meio de promover uma distribuição social mais justa dos ganhos vindos da produtividade do trabalho, que avançou 84% desde 1988 (ano em que a jornada foi reduzida de 48 para 44 horas semanais), segundo estimativas do IBGE.