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Ibiúna terá monumento a estudantes presos no 30º congresso da UNE

 Em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, a Prefeitura Municipal de Ibiúna (em São Paulo), por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, inaugurará no próximo sábado, 20 de março, um monumento em homenagem aos estudantes do 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), que ocorreu em 1968, durante o regime militar, e culminou na prisão de mais de 700 jovens.

O memorial, que ficará alocado na "Praça da Matriz" da cidade, consiste em dois painéis – com as fotos dos 23 estudantes mortos durante a ditadura e outro com a lista dos 720 presos durante o congresso de 1968. Dentre os relacionados estão alguns nomes importantes, como Jean Marc Von der Weid, Wladimir Palmeira, Franklin Martins e José Dirceu.

Segundo o Secretário de Cultura e Turismo, Mauro Issler, o objetivo deste monumento é resgatar este importante momento da luta democrática do país, homenageando os estudantes que participaram do congresso, além de lembrar as gerações futuras sobre o valor do regime democrático conquistado pelos brasileiros.
Para o diretor de comunicação da UNE, André Vitral, esse monumento é muito importante, pois “relembra um dos momentos políticos de maior ataque à democracia brasileira e onde os estudantes protagonizavam um grande movimento de resistência, realizando no auge da repressão um congresso com mais de mil estudantes”.

Sobre o 30º Congresso da UNE

No dia 12 de outubro de 1968, em um sítio em Ibiúna, interior de São Paulo, 720 estudantes foram presos pela Força Pública Estadual por realizarem o 30º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), que, desde o início do regime militar, encontrava-se na ilegalidade. Na ocasião, todos esses estudantes foram levados para o prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops) – onde atualmente funciona o Memorial da Resistência. Eles foram indiciados, processados, expulsos de suas faculdades e submetidos a torturas – deles, 23 passaram a compor a lista dos mortos durante o regime militar.

Em depoimento ao projeto Memória do Movimento Estudantil, Jean Marc von der Weid, presidente da UNE entre 1969 e 1971 e um dos organizadores do congresso de Ibiúna, fala da cena daquele histórico 30º Congresso da entidade: “Foram cinco dias debaixo de chuva, num lugar extremamente desconfortável, que não estava preparado para receber mil pessoas, quer dizer, sem uma infra-estrutura para aquela demanda enorme de pessoas. Pessoas que levavam duas ou três horas em filas para conseguir comer um arroz papa com feijão duro. Um negócio realmente barra pesada; só mesmo uma paixão revolucionária para peitar aquele negócio.”.

Este episódio representou, na história do Brasil, um dos importantes passos na luta contra o regime militar e uma resposta de centenas de estudantes por meio da resistência clandestina e luta armada.

De São Paulo, Luana Bonone, com Adital e MME