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Governo de SP “dialoga pouco com a sociedade”, diz Pedro Bigardi

Com pouco mais de um ano de mandato, o deputado estadual Pedro Bigardi (PCdoB-SP) faz um balanço de suas ações, fala da rotina parlamentar e avalia o atual governo tucano iniciado por José Serra e assumido recentemente por Alberto Goldman. “É muito fechado e não possui um plano de desenvolvimento claro para o estado”, argumenta Bigardi nesta entrevista publicada originalmente em revista especial de prestação de contas.

Deputado Pedro Bigardi

Revista do mandato: Você fez um discurso emocionado naquele dia 23 março de 2009, quando tomou posse. De onde veio tanta emoção?
Pedro Bigardi: Aquele momento da posse representou a concretização de um ciclo de lutas de mais de duas décadas na minha vida. Conquistamos um mandato muito esperado por aqueles que acreditavam no meu trabalho. Somado a isso senti a responsabilidade de representar especialmente a região de Jundiaí e o PCdoB que retomava seu espaço na Assembleia. Então juntou a emoção, a alegria e a responsabilidade. Tenho conduzido meu mandato sempre buscando ser fiel àquilo que defendi ao longo da minha vida.

Revista do mandato: O que mudou no Pedro Bigardi desde então?
PB: Hoje eu sinto mais maturidade política, maior capacidade de diálogo com outras forças políticas, inclusive aquelas que têm visões diferentes das minhas. Além disso, quando entrei na Assembleia tinha dúvida quanto à capacidade de realização de um deputado. Hoje percebo como a forte atuação de um parlamentar na Assembleia Legislativa pode contribuir muito com as cidades, com a população, com o partido e com o estado.

Revista do mandato: Nesse período você apresentou nove projetos de lei na Casa. Como acontece a elaboração dessas leis?
PB: Todos esses projetos foram elaborados a partir de estudos e debates com setores envolvidos e surgiram naturalmente, na medida em que nos relacionávamos com a população, os movimentos sociais, prefeitos, autoridades e empresariado. Um exemplo foi a apresentação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Fundo Social que surgiu da participação dos movimentos estudantis no mandato. A participação dos setores da sociedade no mandato é fundamental para a elaboração de projetos consistentes e voltados ao interesse da população.

Revista do mandato: Nesse período você teve duas leis aprovadas na Assembleia, fato difícil de acontecer ainda mais no primeiro ano de mandato. A que você atribui essa conquista?
PB: A primeira lei aprovada foi a que destina créditos da Nota Fiscal Paulista às entidades culturais e esportivas, áreas com muitas dificuldades financeiras. Isso sensibilizou os deputados e o próprio Executivo, sem contar o apoio das instituições ligadas ao esporte e à cultura que trabalharam pela aprovação e sanção da lei. A outra lei declara de utilidade pública a Associação Pio Lanteri de Jundiaí, um projeto de lei que não teve nenhuma resistência na Casa, devido ao histórico de seriedade da instituição e sua contribuição para a inclusão social na cidade de Jundiaí. A aprovação dessas leis foi um trabalho conjunto entre o mandato e os setores interessados, o empenho e o interesse demonstrado pela aprovação dos projetos de lei foram determinantes para sensibilizar os deputados nas votações.

Revista: A região de Jundiaí não tinha representante na Assembleia Legislativa, então recursos parlamentares e projetos de leis eram raros. Com seu mandato a região está sendo contemplada e possui presença na Casa. Você acredita serem essas as vantagens de ter um deputado na região?
PB: Sim, as conquistas para a nossa região são importantes, pois vieram preencher uma lacuna. Além disso, tem a questão da presença na Assembleia representando os interesses locais como, por exemplo, a situação do Instituto Médico Legal (IML) e o caso da Casa de Saúde, onde cobrei empenho do governo estadual e prefeitura para solucionarem os problemas em benefício da população. Como único deputado estadual, sei da minha responsabilidade em defender os interesses da região e lutar por melhorias para os municípios.

Revista: Como é a sua atuação nas votações, sendo um deputado de oposição na Assembleia Legislativa, onde a base governista é maioria?
PB: Procuro ter uma atuação independente nas votações colocando o interesse da população em primeiro lugar e também como líder do PCdoB participo do Colégio de Líderes da Assembleia, onde discutimos os projetos representando nossas bancadas. Infelizmente o governo estadual não debate seus projetos com a sociedade; eles chegam à Assembléia sem nenhuma discussão prévia. Sendo assim tentamos abrir espaço para a participação popular, por meio, de audiências públicas e reuniões. Na maioria das vezes o governo estadual determina para que a sua base na Assembleia não aceite emendas da oposição. O governo do estado de São Paulo é extremamente fechado e acaba impondo seus projetos na Casa. Mesmo assim debatemos muito cada um deles e chamamos os setores da sociedade para somar forças nas discussões.

Revista: Como você analisa o quadro político no estado de São Paulo?
PB: São Paulo é um estado com forte potencial de desenvolvimento, diversidade econômica, social e cultural. Com todas essas qualidades poderia ser um exemplo para o país; porém o governo tucano é muito fechado e não possui um plano de desenvolvimento claro para o estado, o setor empresarial de São Paulo é muito ativo, mas não encontra respaldo do governo. É um governo que dialoga pouco com a sociedade. Então, projetos consistentes que beneficiem realmente a população são raros. O estado de São Paulo poderia caminhar no ritmo do Brasil, o que não acontece. Enquanto isso o governo Lula dá exemplos de como construir um governo forte no desenvolvimento econômico. O Brasil será em breve uma das cinco maiores potências econômicas do mundo, e se destaca também no desenvolvimento social que tem permitido à população mais carente melhores condições de vida e tem feito com que milhares de pessoas saiam da linha da pobreza.

Qual é a avaliação que faz sobre o primeiro ano de mandato?
PB: É um mandato respeitado dentro e fora da Assembleia. Conquistamos credibilidade junto à população em geral, pois temos muitas conquistas reais, seja na aprovação de leis, recursos ou defesa dos interesses das cidades. Mostramos que com trabalho, dedicação e seriedade é possível produzir bons frutos. O mandato teve um resultado muito acima daquilo que eu imaginava no início. Sinto-me muito honrado de representar o PCdoB e a região de Jundiaí na Assembleia Legislativa.

Fonte: Revista do mandato parlamentar de Pedro Bigardi (para adquirir a publicação, entre em contato com a assessoria de imprensa)