Enfim, BC admite que risco de inflação é menor

O Banco Central divulgou nesta quinta-feira (29) a Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que, para não variar muito, o órgão tomou a polêmica decisão de elevar em 0,5% a taxa básica de juros (Selic), para 10,75% ao ano. A instituição admite, com certo atraso, que o risco de inflação é menor, o que, de resto, é sinalizado por todos os índices que medem a evolução dos preços no país.

"Note-se ainda que há sinais de que a economia tem se deslocado para uma trajetória mais condizente com o equilíbrio de longo prazo", salienta o documento. "É plausível afirmar, entretanto, que os fatores de sustentação desses riscos mostram desaceleração na margem", acrescentou. Já a influência do cenário internacional sobre a inflação doméstica "passou a revelar um viés desinflacionário".

Contramão

"No regime de metas para a inflação, o Copom orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação, a análise de diversos cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica prospectiva dos preços e o balanço dos riscos associado a suas projeções", sustenta a nota.

Todavia, embora as autoridades do BC não reconheçam, é preciso observar que a previsão de que a inflação tendia à desaceleração já tinha sido feita por vários economistas para respaldar a opinião de que não havia (nem há) justificativa plausível para o aumento da taxa básica de juros (Selic) definido pelo Copom nas suas três últimas reuniões.

A política conservadora do BC, na contramão dos interesses do povo e da nação, reduz as possibilidades de crescimento da economia e, ao mesmo tempo, aumenta a transferência de renda em mãos do governo para os credores da dívida pública.

Atividade econômica

Segundo o Copom, as perspectivas para a evolução da atividade econômica doméstica continuam favoráveis, embora em ritmo menos intenso do que observado no início deste ano, com base nos dados sobre comércio, estoques e produção industrial.

"Essa avaliação é sustentada pelos sinais de expansão mais moderada da oferta de crédito, em especial para pessoas físicas, pelo fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, mas com alguma acomodação na margem, e pela trajetória recente dos níveis de estoques em alguns setores industriais".

De qualquer maneira, a ata do Copom diz que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido, entre outros fatores, pelos efeitos remanescentes dos estímulos fiscais, pelas políticas dos bancos oficiais e, em escala menor do que a esperada anteriormente, pela atividade global que, de resto, apresenta sinais de moderação.

Gasolina

O Comitê de Política Monetária (Copom) permanece com a aposta de que nem a gasolina nem o gás de botijão terão os preços reajustados neste ano. A informação consta da ata do encontro realizado na semana passada, quando a taxa básica de juro Selic foi elevada em 0,5%, para 10,75% ao ano.

Desde o começo do ano o comitê sustenta a previsão de reajuste zero para os dois produtos, que têm influência sobre a inflação.

O BC notou "certa estabilidade" nos preços do petróleo desde a reunião anterior (no começo de junho), mas insistiu que a volatilidade continua alta. "A incerteza que envolve esses preços segue elevada, uma vez que o cenário prospectivo depende da evolução da demanda, em contexto de retomada assimétrica da economia mundial, das incertezas quanto à recuperação da economia européia, da perspectiva de evolução da oferta global, condicionada pelo ritmo de maturação de investimentos no setor, além das questões geopolíticas que atuam sobre os preços dessa mercadoria", diz o documento.

Da redação, com agências