Aniversário do Palmeiras: Belluzo e a paixão que nutre pelo clube
No aniversário de 96 anos de fundação, o Palmeiras comemora nesta quinta-feira uma relação muito próxima com sua torcida para reencontrar os momentos de glória. Nas últimas temporadas, títulos escaparam do Palestra Itália por razões distintas, muitas vezes até sem uma explicação coerente. Contudo, a massa alviverde mostra-se engajada em ajudar a equipe, sobretudo após o retorno de Luiz Felipe Scolari, um técnico que marcou história entre 1997 e 2000.
Publicado 26/08/2010 17:59
Na figura de seu torcedor mais ilustre, o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, é possível perceber o sentimento de fanatismo que cerca o Palestra Itália no momento. Sem qualquer tipo de vergonha ao declarar o amor pelo Alviverde Imponente, o dirigente é categórico ao falar: não troca o seu clube de coração até mesmo por mulheres.
"As minhas mulheres sempre foram compreensivas, é uma coisa que peguei do meu pai. Lembro que ele foi ao jogo do Palmeiras no dia do aniversário da própria esposa. Elas acabam entendendo", ressalta.
A paixão de Belluzzo também já interferiu em obrigações profissionais. Na final do Campeonato Paulista de 1986 contra a Internacional de Limeira, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda da época desmarcou uma reunião com um representante do governo norte-americano. No Morumbi, chorou o revés por 2 a 1, em uma das falhas mais gritantes da história do Palmeiras proporcionada pelo lateral esquerdo Denys. "Eu tinha simplesmente uma reunião com o Paul Volcker, que era presidente do Federal Reserve (FED)", recorda.
A origem italiana de uma parte considerável dos palmeirenses prova a relação efervescente com o clube. O pensamento assinado pelo jornalista Joelmir Beting mostra que o torcedor acredita em uma ligação incomum com a equipe do coração: "Explicar a emoção de ser palmeirense, a um palmeirense, é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense… É simplesmente impossível!".
O próprio Belluzzo, mesmo na condição de presidente, já foi flagrado em arquibancadas como um torcedor comum, deixando escapar palavrões em erros do time. "A torcida do Palmeiras é muito ligada ao seu clube, ao seu símbolo", justifica o cartola do alviverde, que despista, todavia, ao ser questionado se o fanatismo palmeirense é maior em comparação a outros rivais.
Para a temporada 2010, Belluzzo observou que a proximidade da torcida seria fundamental no Verdão, tanto no apoio ao elenco como até nas finanças. Para inflamar as arquibancadas, trouxe figuras incontestáveis de volta ao clube. Além de Felipão, fechou as aquisições do meia Valdívia e do atacante Kleber.
Aliás, uma das contratações teve a decisiva participação de torcedores ilustres do Palmeiras. O grupo chamado Eternos Palestrinos liderou a captação de uma significante parte dos recursos para a liberação de Valdívia junto ao Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos. Curiosamente, essa associação de palmeirenses foi criada por causa de uma desilusão.
"Depois de o time perder o Campeonato Brasileiro do ano passado que estava praticamente ganho, nós nos sentimos apunhalados. A gente pensou que precisava fazer alguma coisa. Éramos favoráveis à administração do Belluzzo, mas precisávamos ajudar", conta Élcio Romão, atual presidente dos Eternos Palestrinos.
Apesar de ainda buscar um título de expressão, o Palmeiras projeta um futuro glorioso. Nos quatro anos que restam para o centenário, a ordem é seguir um projeto ambicioso, possivelmente com a participação ainda maior de "torcedores-dirigentes", como é o caso de Élcio Romão. "Queremos que o Palmeiras seja o maior clube do Brasil, tenha a camisa mais cara, o maior alcance de mídia, as maiores conquistas e o estádio mais moderno", diz o representante dos Eternos Palestrinos.
Fonte: Gazeta Press