Egito e EUA pedem perseverança a palestinos e israelenses
Egito e Estados Unidos conclamaram nesta terça-feira (14), de forma separada, a palestinos e israelenses que apelem à perseverança para eliminar obstáculos nas negociações diretas, ameaçadas pela política de colonização sionista.
Publicado 14/09/2010 14:16
A sessão de diálogo direto entre o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e o premiê de Israel, Benjamín Netanyahu, decorreu sem destaques nem novidades no balneário egípcio, às margens do mar Vermelho, segundo fontes oficiais.
Ainda que o silêncio tenha sido o destaque nesta segunda rodada de conversas — a primeira foi no dia 2 de setembro em Washington —, diplomatas, analistas e jornalistas concordam que o tema dos assentamentos caracterizou-se como uma "pedra no sapato".
Por esse motivo também, durante as reuniões bilaterais e separadas com Netanyahu e Abbas, o presidente egípcio Hosni Mubarak pediu que fossem realçados os elementos que darão prosseguimento às negociações e para que sejam deixados de lado os que prejudicam o ambiente, incluídas as ações de grupos radicais opostos ao diálogo.
No fim das conversas, o chanceler egípcio, Ahmed Aboul-Gheit, destacou a seriedade dos diálogos e a vontade das partes de continuá-los, mas reconheceu que vários perigos rondam a negociação.
Aboul-Gheit afirmou que é cedo para falar de otimismo e se limitou a expressar satisfação pelo fato de que os contatos prossigam, previstos para amanhã em Jerusalém, ao mesmo tempo em que informou que o Egito foi apenas sede, mas o coordenador principal é o governo dos Estados Unidos.
Antes, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que participou na primeira e segunda rodada das conversas, disse aos protagonistas que "procurassem encontrar vias" para eliminar o obstáculo imposto ao processo, pelo iminente fim do congelamento na construção de novos assentamentos israelenses.
A Casa Branca conclamou Netanyahu a prorrogar o congelamento das obras em bairros árabes da Cisjordânia, um plano de judaização que os palestinos veem como um roubo flagrante do território ocupado e anexado há anos pelos sionistas, além de definido como ilegal pela ONU.
Mas, ao mesmo tempo, Washington pressiona a ANP e, em particular, a Abbas para que dialogue sem pré-condições, isto é, sem maiores objeções contra Israel por seguir levantando moradias para seus nacionais em terra invadida.
Isso suscitou mais questionamentos sobre o papel estadunidense neste processo, depois que analistas apontaram que a participação quase nula de União Europeia, Rússia ou ONU tem profundidade eleitoral, e por isso o presidente Barack Obama está particularmente empenhado na aceleração das negociações.
No próximo dia 26 de setembro vence o prazo para que Telavive decida se estende ou não essa moratória, mas a decisão se mostra complicada porque deter as edificações irritará ainda mais os colonos ultradireitistas que ameaçam derrocar o governo de Netanyahu.
Ante a possibilidade de pôr fim ao frágil congelamento de 10 meses — já que a construção teve continuidade em Jerusalém Oriental —, a liderança palestina advertiu que abandonará as conversas.
Por enquanto nada inovador se decidiu sobre as fronteiras do futuro Estado palestino independente, os refugiados, a segurança para Israel e o destino da cidade de Jerusalém, que os palestinos pretendem estabelecer como capital.
Fonte: Prensa Latina