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Aldo e Amazonas vão a garagem pedir apoio de condutores a Dilma

Para os comunistas do PCdoB, exercer a militância política vai além de ganhar sua própria disputa eleitoral. Conscientes do papel dos trabalhadores como agentes da transformação social, Aldo Rebelo, deputado federal eleito pela sexta vez, e Alcides Amazonas, que ficou na primeira suplência da Assembleia paulista, voltaram na madrugada desta terça (19) à garagem da Viação Santa Brígida, em São Paulo, para agradecer pela votação e reforçar a necessidade de os condutores apoiarem Dilma Rousseff.

 
  Amazonas e Aldo recepcionam trabalhadores na porta da garagem

Eram 3h30 da manhã de uma fria madrugada paulistana quando os dois comunistas chegaram à garagem, na Zona Oeste da capital. No mesmo horário, começavam a desembarcar de ônibus reservados dezenas de motoristas e cobradores prontos para uma nova e exaustiva jornada no trânsito mais caótico do país.

Veja como foi uma das visitas de Aldo à garagem no primeiro turno:

Aldo recebe apoio e mostra porque trabalhadores estão com ele

“Os trabalhadores do transporte têm um vínculo forte, antigo e profundo com as lutas sociais, com os partidos avançados, como o PCdoB”, disse o deputado federal Aldo Rebelo. “E esse vínculo dá à nossa campanha, nas garagens, um ambiente de manifestações espontâneas dos trabalhadores em apoio aos nossos candidatos, tanto os majoritários – como acontecia com Lula e agora acontece com Dilma – como também aos nossos candidatos à Câmara e à Assembleia Legislativa”, completou. Além disso, o parlamentar comunista diz que há, na categoria, “lideranças que têm enraizamento e respeito dentro das garagens e isso se reverte em apoio político e eleitoral que assegura ao partido não só influência, mas também uma votação importante para seus candidatos”.

Mas, o foco central de Aldo Rebelo e do PCdoB como um todo, neste momento, é trabalhar pela eleição de Dilma Rousseff. Segundo ele, é preciso agora adotar “uma posição ofensiva de denúncia da despolitização da campanha porque no fundo temas como aborto e religião têm como finalidade retirar do debate aspectos mais importante para a vida do povo e do país, tais como a questão do desenvolvimento, do crescimento, da economia, da soberania nacional, do fortalecimento do Estado brasileiro e do combate às desigualdades sociais.”

Conforme destacou o comunista, “o grande feito do governo Lula, se quisermos resumir em duas ações, foi primeiramente a retomada do crescimento da economia, do desenvolvimento; e a segunda foi a política de distribuição de renda através do salário mínimo, da Bolsa Família e da elevação da renda dos trabalhadores. É isso que está em jogo e é isso que o PSDB e as forças conservadoras não querem discutir”.

 
Jornal mostra diferenças entre Dilma e Serra  

Alcides Amazonas também aponta o caráter deste segundo turno. “Estamos numa verdadeira guerra, já vencemos uma batalha, e a mãe de todas as batalhas virá no dia 31 de outubro, por isso estamos conclamando todos os trabalhadores a mobilizarem seus amigos e familiares, vizinhos e colegas de trabalho para reelegermos esse projeto de desenvolvimento, geração de emprego e anti-privatista, combatendo essa campanha moralista que vem sendo feita pelo Serra, uma campanha de baixaria, odiosa, que joga trabalhador contra trabalhador, provoca a igreja com a discussão do aborto, enquanto os grandes temas nacionais não estão sendo discutidos porque o Serra não propicia isso”.

Manifestações de apoio

Durante as quase quatro horas que Aldo e Amazonas passaram na garagem, foram diversas as demonstrações dadas pelos trabalhadores tanto parabenizando os comunistas quanto declarando seu voto em Dilma. “As pessoas nem sabem em quem votam. O Serra deixou o trem mais caro do que o ônibus em São Paulo e ainda assim está tudo sucateado. Ele piora tudo e se virar presidente, o povo vai ficar mais pobre”, disse o cobrador José dos Santos Pereira.

Animado com o fato de ter ajudado a eleger Aldo Rebelo, o motorista Antonio Carlos Neres afirma: “Dilma tem um projeto que é continuar o que Lula começou. Ele pagou a dívida, colocou o país no eixo, melhorou o poder aquisitivo do brasileiro e agora tem arroz, feijão e uma mistura no prato do povo. Serra não pode ser eleito porque ele quer é vender tudo que é nosso – Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil – para fazer caixa para eles mesmos”, acusa Neres.

 
  Aldo abona ficha de filiação de Neres

O motorista aproveitou a ocasião para assinar sua ficha de filiação ao PCdoB. “Acompanho a política, sempre estive à esquerda e sempre observei que o PCdoB nunca saiu de seu eixo e tem um projeto diferente dos outros. Correndo para cumprir seu horário, Ariomar de Oliveira destacou: “Nunca vi nenhum deputado vir aqui agradecer pelos votos! Esta é a segunda vez que voto no Aldo e vou continuar votando”.

Munido com o megafone, Edvaldo Santiago, do Sindicato dos Condutores, avisava: “A burguesia usa seus instrumentos e técnicas sujas para tentar vencer as eleições. Temos que usar a nossa arma que é a mobilização do povo para reforçar essa campanha e levar Dilma à Presidência”.
Logo após passar pelo setor de plantão – onde assina o ponto e o número do carro em que trabalhará – e de pegar as placas que devem ser colocadas na frente e dentro dos ônibus indicando o itinerário, uma tarefa exercida pelos cobradores, Alexandrino da Silva arrisca: “Na próxima eleição, Aldo se elege prefeito”. Outro colega, um corintiano apressado, alfineta: “Aldo é palmeirense, mas voto nele assim mesmo”.

A cobradora pernambucana Edna de Andrade lembra que a vida melhorou com Lula e explica por que: “Quando FHC estava na Presidência, eu e muitos amigos e parentes estávamos desempregados. Arrumei este emprego há seis anos, depois que vim tentar a vida em São Paulo e tenho a carteira assinada e meus benefícios. Agora, estou juntando um dinheirinho para comprar um notebook porque hoje ainda dependo de lanhouse”.

 
Com Amazonas, Aldo recebe reconhecimento de trabalhador da Santa Brígida  

Feliz por estar entre aqueles que foram seus pares durante 21 anos – período em que foi cobrador, motorista e líder sindical da categoria até ter seu primeiro cargo eletivo como vereador em 2000 – Alcides Amazonas se sentia em casa. “É uma experiência muito rica podermos estar aqui hoje. Aldo e eu viemos aqui duas vezes pedir votos durante o primeiro turno. Sempre existiu um grande envolvimento dos trabalhadores desta empresa em nossas campanhas e hoje estamos de volta para agradecer pelos votos – o Aldo foi eleito, eu não fui, mas fiquei na primeira suplência. No entanto, seja com vitória, seja com derrota, estamos sempre com os trabalhadores”.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte