Aldo e Amazonas vão a garagem pedir apoio de condutores a Dilma
Para os comunistas do PCdoB, exercer a militância política vai além de ganhar sua própria disputa eleitoral. Conscientes do papel dos trabalhadores como agentes da transformação social, Aldo Rebelo, deputado federal eleito pela sexta vez, e Alcides Amazonas, que ficou na primeira suplência da Assembleia paulista, voltaram na madrugada desta terça (19) à garagem da Viação Santa Brígida, em São Paulo, para agradecer pela votação e reforçar a necessidade de os condutores apoiarem Dilma Rousseff.
Publicado 20/10/2010 16:34
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Amazonas e Aldo recepcionam trabalhadores na porta da garagem |
Eram 3h30 da manhã de uma fria madrugada paulistana quando os dois comunistas chegaram à garagem, na Zona Oeste da capital. No mesmo horário, começavam a desembarcar de ônibus reservados dezenas de motoristas e cobradores prontos para uma nova e exaustiva jornada no trânsito mais caótico do país.
Aldo recebe apoio e mostra porque trabalhadores estão com ele
“Os trabalhadores do transporte têm um vínculo forte, antigo e profundo com as lutas sociais, com os partidos avançados, como o PCdoB”, disse o deputado federal Aldo Rebelo. “E esse vínculo dá à nossa campanha, nas garagens, um ambiente de manifestações espontâneas dos trabalhadores em apoio aos nossos candidatos, tanto os majoritários – como acontecia com Lula e agora acontece com Dilma – como também aos nossos candidatos à Câmara e à Assembleia Legislativa”, completou. Além disso, o parlamentar comunista diz que há, na categoria, “lideranças que têm enraizamento e respeito dentro das garagens e isso se reverte em apoio político e eleitoral que assegura ao partido não só influência, mas também uma votação importante para seus candidatos”.
Mas, o foco central de Aldo Rebelo e do PCdoB como um todo, neste momento, é trabalhar pela eleição de Dilma Rousseff. Segundo ele, é preciso agora adotar “uma posição ofensiva de denúncia da despolitização da campanha porque no fundo temas como aborto e religião têm como finalidade retirar do debate aspectos mais importante para a vida do povo e do país, tais como a questão do desenvolvimento, do crescimento, da economia, da soberania nacional, do fortalecimento do Estado brasileiro e do combate às desigualdades sociais.”
Conforme destacou o comunista, “o grande feito do governo Lula, se quisermos resumir em duas ações, foi primeiramente a retomada do crescimento da economia, do desenvolvimento; e a segunda foi a política de distribuição de renda através do salário mínimo, da Bolsa Família e da elevação da renda dos trabalhadores. É isso que está em jogo e é isso que o PSDB e as forças conservadoras não querem discutir”.
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Jornal mostra diferenças entre Dilma e Serra |
Alcides Amazonas também aponta o caráter deste segundo turno. “Estamos numa verdadeira guerra, já vencemos uma batalha, e a mãe de todas as batalhas virá no dia 31 de outubro, por isso estamos conclamando todos os trabalhadores a mobilizarem seus amigos e familiares, vizinhos e colegas de trabalho para reelegermos esse projeto de desenvolvimento, geração de emprego e anti-privatista, combatendo essa campanha moralista que vem sendo feita pelo Serra, uma campanha de baixaria, odiosa, que joga trabalhador contra trabalhador, provoca a igreja com a discussão do aborto, enquanto os grandes temas nacionais não estão sendo discutidos porque o Serra não propicia isso”.
Manifestações de apoio
Durante as quase quatro horas que Aldo e Amazonas passaram na garagem, foram diversas as demonstrações dadas pelos trabalhadores tanto parabenizando os comunistas quanto declarando seu voto em Dilma. “As pessoas nem sabem em quem votam. O Serra deixou o trem mais caro do que o ônibus em São Paulo e ainda assim está tudo sucateado. Ele piora tudo e se virar presidente, o povo vai ficar mais pobre”, disse o cobrador José dos Santos Pereira.
Animado com o fato de ter ajudado a eleger Aldo Rebelo, o motorista Antonio Carlos Neres afirma: “Dilma tem um projeto que é continuar o que Lula começou. Ele pagou a dívida, colocou o país no eixo, melhorou o poder aquisitivo do brasileiro e agora tem arroz, feijão e uma mistura no prato do povo. Serra não pode ser eleito porque ele quer é vender tudo que é nosso – Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil – para fazer caixa para eles mesmos”, acusa Neres.
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Aldo abona ficha de filiação de Neres |
O motorista aproveitou a ocasião para assinar sua ficha de filiação ao PCdoB. “Acompanho a política, sempre estive à esquerda e sempre observei que o PCdoB nunca saiu de seu eixo e tem um projeto diferente dos outros. Correndo para cumprir seu horário, Ariomar de Oliveira destacou: “Nunca vi nenhum deputado vir aqui agradecer pelos votos! Esta é a segunda vez que voto no Aldo e vou continuar votando”.
Munido com o megafone, Edvaldo Santiago, do Sindicato dos Condutores, avisava: “A burguesia usa seus instrumentos e técnicas sujas para tentar vencer as eleições. Temos que usar a nossa arma que é a mobilização do povo para reforçar essa campanha e levar Dilma à Presidência”.
Logo após passar pelo setor de plantão – onde assina o ponto e o número do carro em que trabalhará – e de pegar as placas que devem ser colocadas na frente e dentro dos ônibus indicando o itinerário, uma tarefa exercida pelos cobradores, Alexandrino da Silva arrisca: “Na próxima eleição, Aldo se elege prefeito”. Outro colega, um corintiano apressado, alfineta: “Aldo é palmeirense, mas voto nele assim mesmo”.
A cobradora pernambucana Edna de Andrade lembra que a vida melhorou com Lula e explica por que: “Quando FHC estava na Presidência, eu e muitos amigos e parentes estávamos desempregados. Arrumei este emprego há seis anos, depois que vim tentar a vida em São Paulo e tenho a carteira assinada e meus benefícios. Agora, estou juntando um dinheirinho para comprar um notebook porque hoje ainda dependo de lanhouse”.
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Com Amazonas, Aldo recebe reconhecimento de trabalhador da Santa Brígida |
Feliz por estar entre aqueles que foram seus pares durante 21 anos – período em que foi cobrador, motorista e líder sindical da categoria até ter seu primeiro cargo eletivo como vereador em 2000 – Alcides Amazonas se sentia em casa. “É uma experiência muito rica podermos estar aqui hoje. Aldo e eu viemos aqui duas vezes pedir votos durante o primeiro turno. Sempre existiu um grande envolvimento dos trabalhadores desta empresa em nossas campanhas e hoje estamos de volta para agradecer pelos votos – o Aldo foi eleito, eu não fui, mas fiquei na primeira suplência. No entanto, seja com vitória, seja com derrota, estamos sempre com os trabalhadores”.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte