ONU discute alternativas para reduzir perda de biodiversidade
A Convenção da ONU sobre Biodiversidade terminou nesta sexta-feira (25/10) em Nagoya, no Japão, com novos acordos de proteção dos ecossistemas e um protocolo sobre recursos genéticos. Os representantes de 193 países que participaram da COP 10 (Conferência das Partes da Convenção sobre Biodiversidade) estabeleceram cotas de proteção de 17% das superfícies terrestres e 10% das marinhas, assim como se comprometeram a "adotar novas metas" de financiamento para 2012.
Publicado 30/10/2010 02:13
O encerramento da reunião de Nagoya estava previsto para sexta-feira, mas o estabelecimento de acordos se prolongou até a madrugada deste sábado (30/10), no horário local, devido às divergências entre os países desenvolvidos e emergentes.
O principal ponto foi a adoção de um protocolo sobre o uso e distribuição equitativa dos benefícios derivados dos recursos genéticos (ABS, na sigla em inglês).
Estes estão vinculados ao conhecimento que os povos indígenas têm sobre as plantas e microorganismos que se encontram em seus territórios e que são insumos essenciais para a elaboração de produtos farmacêuticos e cosméticos, entre outros.
Divergências
A Venezuela manifestou sua oposição aos ABS por considerar que "expressam uma marcada tendência à mercatilização da biodiversidade" e não refletem uma verdadeira vigilância contra a "biopirataria".
Cuba e Bolívia também manifestaram suas divergências em relação ao texto final, mas não se opuseram ao consenso.
O protocolo de Nagoya deverá entrar em vigor em 2020, mas o Brasil pediu que se antecipe "para uma data mais próxima, como 2015".
O anfitrião da reunião, o ministro japonês do Meio Ambiente, Ryu Matsumoto, respondeu que esta proposta "será levada em conta", sem dar maiores detalhes.
Metas
Também foi aprovada a redução em 50% da taxa de destruição dos habitats naturais para 2020 e é possível que a taxa de destruição se aproxime de 0%.
O último ponto debatido foi o do financiamento. Vários países esperavam montantes novos e maiores, mas o único compromisso adotado foi o de fixar metas para 2012, ano em que a conferência será realizada na Índia.
O documento sobre financiamento foi aprovado rapidamente por Matsumoto, até que a Bolívia protestou porque o ele recebeu sinal verde antes de seu discurso para incluir um texto sobre a geração de mecanismos financeiros inovadores.
Esse incidente induziu a representante da Bolívia a dizer que não poderia aceitar os três documentos.
A frase gerou novamente tensão entre os participantes, que já tinham sido testemunhas de uma divergência entre União Europeia (UE) e Cuba sobre os procedimentos para a aprovação de documentos.
A UE queria a aprovação do protocolo, do compromisso de financiamento e do plano estratégico em conjunto, enquanto Cuba, apoiada por Equador e Bolívia, solicitou que fossem debatidos separadamente.
Matsumoto, que tentou conciliar as posturas, propôs que primeiro se alcance o consenso destes três pilares da COP 10 e depois se vote em conjunto, de forma oficial.
"Obrigado pela sensatez, pelo grande esforço, pelo suor e pelas lágrimas. Sinto-me comovido", disse o ministro do Japão ao término do encontro, país que comprometeu-se a destinar 2 quatrilhões de dólares para o sucesso da COP 10.
Fonte: Opera Mundi