No Brasil, Paul carrega, sem cansaço, o legado dos Beatles
Se o rock tiver algo parecido com um Olimpo, Paul McCartney tem lugar garantido lá. E, se alguém por acaso tinha alguma dúvida sobre seu status de divindade, perdeu durante o show deste domingo no Estádio do Morumbi, em São Paulo. Diante de um público de mais de 60 mil pessoas, ele tocou clássicos de sua carreira solo e dos Beatles por quase três horas. No palco, o homem de 68 anos carregava, sem cansaço, o legado mais robusto da história do rock.
Publicado 22/11/2010 12:06
A apresentação seguiu o roteiro das demais performances da "Up and Coming Tour", que começou em maio e já passou pelo Brasil no início do mês, em Porto Alegre. Pouco depois das 21h30, ele subiu ao palco e iniciou o show com "Venus and Mars", "Rock Show" e "Jet". Logo em seguida veio a primeira das muitas músicas dos Beatles da noite, "All My Loving", em ótima versão. Uma empolgante "Drive My Car" foi tocada pouco depois.
Entre uma música e outras, McCartney falou diversas frases em português – sua favorita foi "e aí galera". As grandes canções foram seguindo: "The Long and Winding Road", primeira em que ele sentou-se ao piano; "My Love", dedicada (em português) aos namorados e senha para vários casais dançarem de rosto colado na pista; "Blackbird", em versão voz e violão; e uma épica "Something", dedicada a George Harrison.
A partir de “Ob-La-Di Ob-La-Da”, a apresentação foi composta só de clássicos. O cantor não deu folga ao público: ora colocou todos para dançar ("Paperback Writer", "Back in the USSR"), ora fez com que todos cantassem junto com ele ("Let It Be", "Hey Jude"), ora abusou da pirotecnia (os fogos de artifício de "Live and Let Die"). O público paulista também deu seu show: durante "A Day in the Life", levantou bexigas brancas, que foram soltas em "Give Peace a Chance".
Nos dois bis, ele repetiu o que havia feito em Porto Alegre: “Daytripper”, “Lady Madonna” e “Get Back” no primeiro, e “Yesterday”, “Helter Skelter” e “Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band” / “The End” no segundo. No que dependesse da vontade da plateia, McCartney ainda teria que voltar uma terceira vez. Nesta segunda-feira (22), haverá um segundo show em São Paulo, também no Morumbi. Os ingressos estão esgotados.
Onda literária
A temporada latina de Paul alavancou uma nova onda de consumo beatle entre os brasileiros. Desde o início do mês, as livrarias e lojas de discos de Brasília reservam prateleiras inteiras à memória do "fab four". Entre reedições, produtos importados e lançamentos, o mercado editorial anaboliza num filão aparentemente inesgotável.
Reportagem publicada pelo The New York Times estima que estão em circulação nos Estados Unidos cerca de 500 títulos sobre a banda. A febre deve continuar com a estreia do filme O garoto de Liverpool, que retrata a formação de John Lennon, marcada para 3 de dezembro.
No Brasil, o número de edições sobre o tema não é tão expressivo, mas a diversidade de formatos impressiona: o fã mais curioso pode encontrar de manuais de autoajuda a obras que relacionam a trajetória dos Beatles à história recente da Inglaterra e dos Estados Unidos.
Duas das publicações mais procuradas – a luxuosa Anthology e Many years from now, biografia oficial de Paul – estão esgotadas nos estoques. Para quem já começa a sentir saudades da passagem de Paul pelo país, o Correio preparou um guia com os melhores livros sobre aquela banda que, graças a Paul McCartney, continua na estrada.
Com agências