Política econômica foi principal tema da 1ª reunião ministerial
A presidente Dilma Rousseff comandou na tarde desta sexta-feira (14) a primeira reunião ministerial do seu governo, que contou com a participação de toda a equipe. O prato principal foi a política econômica, mas outros temas também foram debatidos, incluindo procedimentos éticos da equipe e questões administrativas.
Publicado 14/01/2011 19:49
Sorriso aberto na primeira reunião
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, estrela principal do encontro, depois de Dilma, anunciou a projeção de um crescimento anual médio do PIB equivalente a 5,9% ao longo do novo governo. É um percentual respeitável, que sinaliza avanço em relação aos oito anos da gestão Lula (quando o crescimento médio ficou em torno de 4%), embora permaneça ainda abaixo da média histórica obtida no período compreendido entre 1950 e 1980 (cerca de 7%).
Cortes polêmicos
Mantega reiterou o compromisso do governo com o polêmico “ajuste fiscal” (apoiado e exigido pelo sistema financeiro), insinuando que os cortes nos gastos e investimentos públicos permitirão ao país ampliar, até 2014, a taxa de investimentos de 19% para 24,1%.
Convém notar que os críticos do ajuste fiscal argumentam precisamente o contrário, ou seja, que o corte de gastos públicos terá um efeito negativo sobre a taxa de investimentos e o crescimento do país, além de limitar as verbas sociais e adiar a solução de graves problemas associados à pobreza, como os que se verificam na tragédia que se abateu sobre as populações da serra carioca.
O ministro informou que os investimentos da União e das estatais encerraram 2010 com recorde estimado em R$ 122,2 bilhões, o que equivale a 5,1% do PIB.
Ele não detalhou os valores dos cortes no Orçamento, mas prometeu que no novo cenário, o ajuste fiscal poderá ocorrer sem recessão, desemprego nem redução de obras públicas. Não é bem isto que a experiência indica.
Câmbio
Mantega procurou minimizar os problemas decorrentes da queda do dólar ressaltando que o preço do sucesso do Brasil é a valorização cambial. Afirmou que o processo também ocorre em outros países. Em 2010 o real se valorizou 5,01%, menos que outras moedas como o iene japonês, que se valorizou 14,68%, e o dólar australiano, que subiu 13,95%. Empresários do setor produtivo dizem que a valorização excessiva do real está conduzindo a economia nacional a um processo de desindustrialização. Alguns analistas defendem a mudança da política de câmbio flutuante e adoção de um câmbio administrado, como faz a China.
O ministro da Fazenda também se referiu à nova geopolítica mundial — em que as nações emergentes lideram o dinamismo da economia internacional e as potências capitalistas tradicionais (EUA, Europa e Japão) estão em franca decadência.
Ele também expôs uma variedade de dados para comprovar a conquista do desenvolvimento sustentável nos últimos anos e afirmou que o governo Dilma o consolidará. Segundo previsões do ministério da Fazenda, a taxa de investimento total – pública e privada – deve passar dos atuais 19% do PIB para 24% do PIB em 2014. Parte de sua apresentação ressaltou o papel do estado como indutor do investimento, demonstrando que o investimento público saltou de 48,9 bilhões de reais em 2006 – antes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – para 122,2 bilhões de reais em 2010.
Com agências