Crise se agrava em Salvador; PMDB suspende filiação do prefeito

A situação do prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), vem se agravando a cada dia. Depois de ter as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e ser criticado até pelos aliados, o prefeito corre agora o risco de ser expulso do seu partido o PMDB, cujo Conselho de Ética do diretório estadual decidiu na noite de segunda-feira (17/1) suspender sua filiação. O processo que poderá resultar na sua expulsão do partido deve durar entre 30 e 60 dias.

Segundo o presidente estadual do PMDB, o deputado federal eleito Lúcio Vieira Lima, um filiado ao partido entrou na última sexta (14) com uma representação em que pedia pela expulsão de João Henrique. Já na segunda, o Conselho de Ética decidiu através de uma medida cautelar suspender sua filiação, o que será comunicado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e ao próprio prefeito nesta terça. Embora não admita se a decisão já esteja definida, Lúcio garante que, caso sim, o partido pedirá o mandato do atual prefeito de Salvador.

Ao saber da decisão do partido, o prefeito divulgou uma nota afirmando que vai ingressar no TRE com o pedido de autorização para deixar o partido. Segundo a nota, na avaliação do prefeito, a solicitação atende ao trâmite legal da justiça eleitoral e se baseia no fato de que a direção estadual do PMDB tornou inviável a permanência dele nos quadros do partido. Já que as críticas feitas nos últimos dias pelo presidente Lúcio Vieira Lima e pelo deputado Geddel Vieira Lima apresentaram caráter nitidamente pessoal e ofensivo.

Para o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo, os fatos só comprovam o desgaste político em que se encontra João Henrique. “O prefeito está num longo processo de isolamento político. Ele entrou em rota de colisão com todos os partidos em que se filiou. Em geral, os partidos se sentiram traídos pelas suas atitudes políticas. O mesmo aconteceu com sua base aliada. Todos os partidos que passaram pelo governo, ou saíram ou foram afastados por JH. Isto demonstra a fragilidade do prefeito que dirige a terceira maior cidade do país”, ressaltou.

Protesto dos trabalhadores

Além da crise política, Salvador sofre também com uma grande crise econômica, agravada pela falta de planejamento da gestão. Nesta terça-feira, a prefeitura anunciou a demissão de 3 mil vigilantes e segurança. Assim que soube do fato, a vereadora Olívia Santana fez questão se colocar à disposição da categoria e afirmou que essa atitude é mais um desatino do Prefeito João Henrique. “Não vai ser a demissão dos vigilantes, uma categoria que presta um serviço essencial e de fato trabalha e ainda recebem baixos salários, que vai resolver o problema de falta de recursos na cidade. O que onera a folha de pagamento são os altos benefícios pagos aos apadrinhados políticos, que vivem na tranqüilidade do anonimato”, disse.

De acordo com Olívia, a atual gestão da Prefeitura não está conseguindo dar conta de suas obrigações básicas e a retirada desses profissionais pode inviabilizar a execução de serviços fundamentais, como atendimento nos postos de saúde e matrícula nas escolas. “Demitir os vigilantes é apostar ainda mais no caos. Uma escola ou um posto de saúde sem segurança é um convite para a ação da marginalidade e isso só acarreta mais prejuízos para os cofres públicos. João Henrique está desgovernando Salvador, o que ele deve fazer é cobrar das empresas contratadas que paguem os vencimentos desses trabalhadores”, complementou a vereadora.

A cidade vem enfrentando problemas também na área de saúde. Os profissionais que trabalham no Programa de Saúde da Família (PSF) estão em greve cobrando respeito a seus direitos trabalhistas. “A mobilização começou no final no final de dezembro, quando parte dos funcionários não recebeu a primeira parcela do 13º salário e prosseguiu desde então, já que alguns continuam sem receber a segunda parcela. Outro grupo também só recebeu o salário de janeiro após a paralisação. Vamos avaliar o movimento em assembléia nesta quarta-feira, pois além das questões salariais tem ainda outros pontos importantes a serem discutidos como a falta de recolhimento do INSS de alguns profissionais e a precariedade nas condições de trabalho”, informou a diretora Executiva do Sindisaúde, Inalba Fontenelle.

De Salvador,
Eliane Costa