Aluguel de imóveis em SP sobe mais que inflação e bate recorde

Os aluguéis residenciais na cidade de São Paulo ficaram 13,4% mais caros em 2010 e superaram até o aumento da inflação entre janeiro e dezembro. O número é o maior para o período desde 2004, quando o Secovi-SP (sindicato da habitação) iniciou a pesquisa, e é resultado direto da falta de casas e apartamentos para alugar na cidade.

Em outras palavras, equivale a dizer que o inquilino que pagava R$ 1.000 por uma casa em dezembro de 2009, no fim do ano passado viu o contrato do imóvel ser reajustado para R$ 1.134.

Até então, o maior aumento já visto entre janeiro e dezembro havia ocorrido em 2008. Na ocasião, o reajuste dos contratos em 12 meses havia sido de 12,4%. Na mesma comparação, o contrato de R$ 1.000 iria a R$ 1.124.

A inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) ficou em 11,3% entre janeiro e dezembro do ano passado. O indicador é usado como base para os reajustes de 9 em cada 10 contratos de aluguel na cidade.

Francisco Crestana, vice-presidente de gestão patrimonial e locação do sindicato, diz que a escassez de imóveis gerou uma lista de espera em praticamente toda a cidade. Ele afirma que o setor está tão aquecido que até os despejos estão mais rápidos.

– Esse aumento superior à variação anual do IGP-M é consequência da falta de imóveis para alugar na cidade de São Paulo. Esse leve incremento pode ter como causa o crescimento das devoluções e o consequente atendimento de listas de espera de candidatos.

A Lei do inquilinato, que completou um ano nesta terça-feira (25), foi uma das responsáveis por essas devoluções. Com o despejo mais rápido, em média de oito meses, o proprietário ganhou mais poder de barganha no mercado, já que se o inquilino atrasa o pagamento – por mais de uma vez em menos de 24 meses – ele pode acabar na rua.

De acordo com João Crestana, presidente do Secovi-SP (sindicato da habitação), as novas regras têm forçado os inquilinos a cumprirem os contratos. Segundo dados da instituição, desde a criação da lei o calote teve queda de 30% no ano passado, na comparação com 2009.

Os valores do aluguel estiveram em alta também porque durante muito tempo variaram menos do que os índices inflacionários.

De 1998 a 2002, o aluguel novo oscilou só 10%, ao passo que a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), totalizou 42%. Em 2003 e 2004, os dois indicadores ficaram emparelhados e a partir de 2005 os valores de locação sofreram aumentos reais em função da escassez de produtos.

Imóveis ficam mais caros

Só em dezembro, o preço dos contratos residenciais aumentou 1,9%, como mostra a pesquisa do Secovi. No mês, os imóveis de um quarto foram os que mais aumentaram (3,5%, em média). Os preços dos aluguéis de lares com dois quartos subiram 0,8%. As unidades de três quartos ficaram 1,3% mais caras.

O fiador foi a garantia mais utilizada nos contratos de locação em dezembro, respondendo por metade dos contratos efetuados. O depósito foi usado em 30% dos imóveis locados, ao passo que 1 em cada 5 moradias alugadas usou o seguro-fiança.

Os proprietários de casas e sobrados locaram seus imóveis mais rapidamente, com um intervalo de 12 a 28 dias. Já os apartamentos escoaram num ritmo menor – o IVL (Índice de Velocidade de Locação), que mede em número de dias quanto tempo demora um imóvel vago para estar locado, variou de 18 a 37 dias.

Fonte: R7