FSM debate diáspora africana nesta segunda
Após uma marcha de abertura que reuniu pelo menos 50 mil pessoas em Dacar (Senegal),a programação do Fórum Social Mundial 2011 (FSM) prossegue, nesta segunda-feira (7), com atividades relacionadas ao tema África e a Diáspora Negra. O FSM ocorre em um local muito simbólico, sobretudo para o continente americano, pois foi do Senegal que partiu a grande maioria de escravos negros.
Publicado 07/02/2011 16:22

Senegal fica no extremo ocidente do continente africano e constituía um ponto de convergência para o embarque de escravos africanos as Américas. Portanto, grande parte do DNA americano pertence a este solo.
Nesta edição do Fórum estão inscritas mais de 1200 organizações, de todas as regiões do mundo. Serão cerca de 800 atividades de caráter auto-gestionado e são esperados mais de 60 mil participantes. O evento está ocorrendo na Université Cheikh Anta Diop (Ucad) e vai até o dia 11 de fevereiro. Durante os dias do evento será possível o intercâmbio entre os participantes do fórum e os estudantes da Universidade Ucad.
A delegação brasileira é composta por cerca de 300 pessoas, dos mais diversos segmentos: sindical, estudantil, campesino, professores, intelectuais, representantes do congresso nacional e do Poder Executivo nacional chefiada pelo Ministro Secretario Geral da Presidência da República Gilberto Carvalho.
Foto: Renan Alencar |
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Africanos de diversos países marcaram presença na marcha de abertura do FSM 2011. |
Lula no FSM
Outra importante participação é a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retorna às atividades do Fórum Social Mundial, não mais na condição de presidente da República. Lula participará de atividades auto-gestionadas relacionadas ao combate à fome e à pobreza em países pobres e de uma atividade sobre integração sul-sul.
Quem também já chegou a Dacar foi o presidente da Bolívia, Evo Morales, que participou da marcha de abertura do Fórum. Em seu discurso, Evo ressaltou: “os povos estão mobilizados na África, na América e agora no mundo árabe. O capitalismo agoniza frente à rebelião dos povos do mundo e às suas crises. Os pobres pagam pelas crises do capitalismo e nos obrigam a defender a Mãe Terra para defender o ser humano”.
Nos dois próximos dias o fórum receberá todas as demais atividades auto-gestionadas, inscritas pelas organizações participantes. Na quinta-feira (10) começam as assembléias temáticas e de convergência, com destaque para a Assembléia Munidal dos Movimentos Sociais. O intuito das assembléias temáticas é que as organizações participantes do processo do Fórum possam construir lutas e campanhas conjuntamente.
Outra assembléia que contará com a participação estudantil será a de educação, também no dia 10, que terá a presença de diversas organizações que trabalham o tema da educação pública como direito inalienável do ser humano.
Para os estudantes e para os povos, o Fórum sempre foi um importante espaço para denúncia e para a construção de uma agenda de lutas em defesa de direitos elementares e por uma sociedade justa.
Foto: Renan Alencar |
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Cerca de 300 brasileiros participam do FSM no Senegal, dentre eles, militantes do PCdoB que atuam em diversos movimentos. |
Histórico do FSM
O Fórum nasceu no ano 2001 na cidade de Porto Alegre no Brasil, em contraposição ao Fórum Econômico Mundial e às principais políticas neoliberais impulsionadas por instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM). De lá pra cá o evento percorreu outros países do continente Latino Americano, Asiático e Africano. É a segunda vez que o evento ocorre na África, a edição anterior foi em Nairóbi, no Quênia, em 2007.
Durante a marcha de abertura deste domingo (6), era possível observar que várias das frases manifestavam solidariedade às revoltas populares que estão ocorrendo no norte da áfrica, sobretudo na Tunísia e no Egito. Foram várias faixas, cartazes e palavras de ordem, proferidas em vários idiomas: francês, inglês e espanhol, que são no geral as línguas mais faladas no FSM 2011. Outra temática fortemente abordada pelos manifestantes foi a crise internacional do capitalismo mundial e seus impactos sobre a vida dos povos.
A marcha teve início às 14 horas, em frente à Grande Mesquita de Dacar, e terminou no campus da Ucad, às 17 horas. Durante o ato, houve várias manifestações culturais típicas africanas, tanto do Senegal como de países vizinhos. Ao final, ocorreu um show com o grupo baiano Ilê Ayê, que coroou um momento ímpar de integração fraterna e solidária dos povos, que poucos espaços contemporâneos têm a possibilidade de proporcionar, ao menos no nível mundial.
Colaborou Renan Alencar, representante brasileiro da Organização Continental Caribenha e Latino Americana dos Estudantes (Oclae)