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Governo da Suíça decide bloquear bens de Mubarak no país

O governo da Suíça decidiu nesta sexta-feira (11) congelar todos os bens que o ex-presidente do Egito Hosni Mubarak e sua família possuem guardados no país.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lars Knuchel, afirmou que a ordem para bloquear as contas tem efeito imediato, mas não deu detalhes sobre o patrimônio de Mubarak.

A ministra da Fazenda da Suíça, Widmer-Schlumpf, foi questionado pela emissora de televisão TV SF se Mubarak ou sua família tinham dinheiro guardado no país.

“Nós não temos indicações claras se há alguma coisa aqui, mas claro que estamos apurando e vamos agir adequadamente”, afirmou. Ela informou ainda que o ministro das Relações Exteriores estava investigando a questão.

No final de 2009, os depósitos de cidadãos egípcios na Suíça somavam 3,6 bilhões de francos suíços (US$ 3,5 bilhões), segundo informações do Banco Nacional da Suíça.

Fortuna espalhada na Europa e Estados Unidos

Informações colhidas por pesquisadores como Amaneu Jamal, professora de Ciência Política da Universidade de Princeton, nos EUA, mostram que a família de Mubarak tem uma fortuna de mais de US$ 70 bilhões, em contas secretas no Reino Unido e na Suíça ou investidos em imobiliário e hotelaria em cidades como Londres, Nova York ou Los Angeles.

"Os empreendimentos na sua carreira militar e no governo foram acumulados com a sua riqueza pessoal", explica Amaneu. "Havia muita corrupção e desvio dos recursos públicos no regime para seu próprio benefício. Este é o padrão de outros ditadores do Oriente Médio, para que a sua riqueza não seja perdida durante a transição. Estes líderes planejam para que seja assim."

Há um ano, o jornal árabe al Khabar publicou um relatório que denunciava que o presidente tem mansões que valem milhões em Manhattan e em Rodeo Drive, a avenida que concentra mais riqueza em Los Angeles. Falou-se também de contas offshore no Swiss Bank UBS e no Royal Bank of Scotland.

Mubarak assumiu a presidência do Egito em 1981. Antes de assumir esse cargo, foi comandante da Força Aérea, onde aproveitou a sua posição influente para lucrar com negócios. Conforme Christopher Davidson, professor de Ciência Política do Oriente Médio na Universidade de Durham, os estrangeiros interessados em investir no Egito pagam ao parceiro de negócios local uma participação de 20% para a instalação de novas empresas. "Quase todos os projetos precisam de patrocinador e Mubarak esteve sempre numa posição em que podia tirar vantagem de qualquer projeto", explica Davidson. "É o ganha-pão dos líderes do Oriente Médio", acrescenta.

Com agências