Orozimbo Souza Júnior: Aécio Neves tenta sair da penumbra
O ex(?)-mandatário mineiro está diante de um desafio dos mais complicados: conseguir espaço na mídia nacional, na tentativa de convencer seus pares do PSDB de que é um nome viável para a sucessão presidencial de 2014. De quebra, ainda buscar amealhar alguns votos.
Publicado 23/02/2011 10:55 | Editado 04/03/2020 16:50
A missão é difícil porque agora ele não tem mais como fazer “eventos de governo”, convidando Angélica e Luciano Huck, Ronaldo Fenômeno, Cicarelli e grande elenco, com toda mídia presente, principalmente os dispensáveis colunistas sociais. O status de senador não é o mesmo que o de um governador, o que fará com que suas aparições em micaretas não sejam tão interessantes para a imprensa, nem tampouco suas namoradas de 19, 20 anos de idade biológica.
A solução seria Aecinho – não sei se posso chamá-lo assim, pois não sou seu amiguinho, diferentemente dos músicos (?) do Jota Quest – buscar fazer uma oposição de conteúdo. Mas neste caso, o imbróglio para o neto de Tancredo pode ser ainda maior. É que, cá para nós e que ninguém nos leia, politicamente ele nunca deu mostras de que teria capacidade para tanto, né não? Os méritos, se é que existiram, no seu governo em Minas sempre foram atribuídos a terceiros, vide o atual governador.
A mídia (extra) oficial bem que tenta dar uma forcinha neste momento em que o tucano se encontra mais próximo do ocaso do que de qualquer outro lugar. Dia desses, um jornal das Alterosas colocou em letras garrafais o seguinte título: “Aécio descarta presidência do Senado”. Ora, existe uma praxe naquela casa legislativa que dá ao partido com a maior bancada a primazia de eleger seu presidente. Além disso, o PMDB, detentor da maioria, é da ampla base de apoio ao governo Dilma, ao contrário do “oposicionista republicano” Aécio Neves. Assim, um título correto para o tal jornal seria: “Presidência do Senado descarta Aécio Neves”. Sim, pois à luz da razão ele não teria qualquer chance de galgar tal posto.
Adotando outra estratégia para aparecer na mídia, já que a primeira não colou, semana passada ele teve o disparate de chamar, em seu blog* (nem sabia que ele tinha um), a presidenta Dilma Rousseff de autoritária, quando das negociações junto ao Congresso para aumento do salário mínimo. Curioso é que as pessoas mais atentas, e as menos atentas também, hão de se lembrar que Aécio ficou conhecido pela edição das chamadas leis delegadas, uma forma de facilitar as ações do Poder Executivo, sem ter que se dar o trabalho de debater com o Legislativo os rumos do governo. Pasmem!
A postura da presidenta Dilma foi correta. O governo chegou a um valor que entendeu ser justo e encaminhou para a Câmara Federal o projeto de lei para votação. A aprovação foi esmagadora devido à base governista na Casa. Nada mais democrático. Já o tucano é quem sempre foi taxado de autoritário. Os que são da mídia mineira sabem o motivo. Aliás, o divertido site Desciclopédia (www.desciclo.pedia.ws), que é uma paródia do Wikipédia, refere-se a Aécio Neves, entre outros apelidos, como “Sinhozinho”. Agora o senador vem chamar alguém de autoritário… É forçar a barra demais por algumas linhas na imprensa.
Ele que trate de se virar e trabalhar, pois outro colega de partido já começa a colocar as manguinhas de fora: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que pode ser um nome para 2014. E José Serra segue como queridinho da mídia, pois mesmo sem muito o que falar, já que não ocupa cargo algum, e mesmo que ocupasse, ele teve quase uma página em um jornal de grande circulação dia desses. Conseguiu muito mais espaço do que os blefes de Aécio.
*Opto por não colocar o link para o blog do ex-governador mineiro aqui por dois motivos, quais sejam: ao contrário da Desciclopédia, não deve haver nada de divertido lá. E outro é que não quero me culpar por fazer o leitor perder tempo acessando o diário eletrônico do tucano.
(*) Jornalista