Racha à vista: fator Serra pode levar convenção do PSDB à Justiça
A uma semana da convenção que definirá o Diretório Nacional do PSDB, tucanos paulistas já falam abertamente na possibilidade de decidir a composição da nova Executiva na Justiça. Em entrevista nesta sexta-feira (20) à TV Estadão, o deputado William Dib disse que as chances para que isso ocorra são "grandes", caso não haja acordo para abrigar o grupo do ex-governador de São Paulo José Serra na instância máxima da sigla.
Publicado 21/05/2011 14:41
"Acho que, não havendo consenso, existe uma possibilidade grande (de a Executiva ser decidida no Judiciário)", disse. Nos bastidores, aliados de Serra argumentam que a fórmula em negociação, com manutenção do deputado Sérgio Guerra (PE) na presidência da sigla, favorece o senador tucano Aécio Neves (MG), que pressiona para que o deputado mineiro Rodrigo de Castro seja mantido na secretaria-geral.
Para neutralizar o fortalecimento do mineiro, serristas articulam para que o ex-governador Alberto Goldman seja aclamado secretário-geral. "O partido precisa sair unido dessa convenção, mas hoje existe uma perspectiva de racha", afirmou Dib. Na opinião do deputado, Serra "teve 43 milhões de votos" nas eleições 2010 e "precisa ter um espaço importante no partido", mas "não é isso o que está se apresentando."
A tese encampada pelos descontentes é que Guerra já ocupou a presidência pelo tempo-limite permitido pelo estatuto do PSDB — de dois mandatos consecutivos. Já circula na bancada tucana na Câmara um parecer que sustenta essa argumentação. O texto seria usado em caso de não haver acordo.
"Acho que é uma coisa que ninguém gostaria. O deputado teve um trabalho importante para o partido, e nós também não podemos menosprezar o Aécio", ponderou Dib. "Mas não podemos menosprezar os oito governadores, principalmente o Geraldo Alckmin aqui em São Paulo, e muito menos o José Serra", concluiu.
Instituto
Já o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Barros Munhoz (PSDB), uniu-se a Alckmin, na defesa do nome de Serra para a direção do Instituto Teotônio Vilela (ITV), centro de estudos e pesquisas do partido. "Não conversei com ele a respeito, mas para o PSDB seria excelente tucano. O homem é capaz de fazer desse instituto o que ele precisa ser, e o que hoje ele não é", diz. Na avaliação do parlamentar, hoje as entidades e organismos do PSDB "não funcionam bem" e, por isso, “devem ser estimulados”.
A disputa pelo comando do ITV criou nos últimos dias um novo impasse no PSDB, que já enfrenta uma cizânia em torno da composição da Executiva Nacional. A bancada do PSDB no Senado convidou formalmente o ex-senador Tasso Jereissati para dirigir o instituto, o que não agradou a aliados de Serra.
Desde a derrota de Serra nas eleições presidenciais de 2010, seus correligionários têm defendido a sua indicação para o instituto. Alckmin, que tem agido pessoalmente para que a legenda chegue a um consenso, também tem encampado em público o nome do ex-governador para o ITV. "Acho o Serra um ótimo nome, preparadíssimo. Ele pode dar uma boa contribuição ao partido no Instituto Teotônio Vilela", disse Alckmin na quinta-feira.
Sérgio Guerra, no entanto, voltou a defender nesta semana a nomeação de Jereissati para presidência do Instituto. "Neste exato momento, estamos ouvindo todo o partido sobre a presidência do ITV e a única indicação colocada de forma clara é a de Tasso, que todo mundo sabe e reconhece como uma das melhores figuras do PSDB", afirmou.
Sobre a proposta de nomear Serra no lugar de Jereissati, Guerra é enfático: "O governador José Serra não está a procura de cargos nem manifestou a mim intenção de ser presidente do partido nem do Instituto Teotônio Vilela".