Eliana Gomes: Carta aos professores e professoras de Fortaleza

Quero me dirigir diretamente aos professores e professoras de Fortaleza, que, de maneira justa, estão em greve há quase 40 dias em nosso município. Digo justa por entender que é o direito à mobilização é uma conquista dos trabalhadores e trabalhadoras que lutam por aquilo que acreditam ser o melhor para suas vidas.

Por Eliana Gomes*

A organização de quem luta e trabalha, trabalha e luta, contará sempre com meu profundo respeito, pois sou militante das causas populares e não parlamentar de carreira. Sou militante de um partido há mais de 25 anos e foram os compromissos pessoais e partidários com as causas do povo que me conduziram a esta casa pelos mais de 40 mil votos livres que nossa chapa proporcional obteve em 2008. Dentre nossos compromissos, a educação merece destaque.

Este, senhoras e senhores, talvez seja o momento mais difícil para esta Casa na atual legislatura. Mas a Câmara fez seu papel de mediar conflitos, de instalar mesa de negociação, de preservar os princípios políticos e éticos do que nos cabe fazer: legislar em nome do povo. Legislamos, na elaboração desta emenda substitutiva em favor dos mais de 13 mil professores e professoras; legislamos em nome dos 220 mil alunos (as) da rede pública municipal, de suas mães, pais e de toda a cidade. Para o PCdoB, também legislamos em respeito às lutas históricas de uma categoria massacrada por arrochos salariais, por precariedade nas condições de trabalho, que reivindica respeito e valorização profissional há décadas.

Acredito que ninguém faz greve por inconsequência. É um processo sofrível para os trabalhadores e trabalhadoras, neste caso, ainda mais sofrível para crianças e adolescentes que estão sem aula.

Para mim e meu partido é uma questão de honra que a quinta capital do Brasil possa implantar o piso salarial dos professores e efetivar 1/3 da hora/atividade com a maior rapidez possível, mesmo que isto caiba num escalonamento no Plano Plurianual, num plano de trabalho contínuo, na instalação de grupos de trabalho. Esta é uma tarefa, prioritária, do Poder Executivo Municipal e que esta casa deve contribuir e cobrar. Lembro aqui de meu camarada Chico Lopes, professor e autor da emenda que garantiu 1/3 da hora/atividade, para falar que tanto ele como o senador Inácio Arruda e o deputado João Ananias estão buscando informações com o Ministério da Educação sobre a possibilidade de complementação federal ao salário dos professores e professoras de Fortaleza.

Voto a favor desta mensagem subsistutiva por entender que a primeira mensagem que chegou às nossas mãos estava muito distante dos avanços que a gestão vem pretendendo implantar e do que a categoria merece. Entendo que fomos nesta casa até onde se pode chegar com negociação e entendimento.

Ao declarar meu voto, quero também declarar que não é possível admitir nenhum tipo de violência contra trabalhadores em luta. As tradições democráticas desta casa devem respeito ao povo organizado. Antes de tudo, de discordâncias e exageros, somos companheiros.

O PCdoB atua na luta do povo, sem esquerdismos, sem retaliações, sem clientelismos. Companheiros e Companheiras, numa mesa de negociação só não se negociam princípios. Negociar politicamente com uma categoria tão importante e necessária requer habilidade, compromisso e democracia. Até a pouco, foi isto que aconteceu aqui. Nosso mandato e o PCdoB continuarão na luta, como sempre, abertos ao diálogo e compreendendo que, apenas, em governos democráticos e populares é que conseguiremos avançar para construir uma nova sociedade onde a educação tenha o lugar que precisa e merece.

* Eliana Gomes (PCdoB) é vereadora de Fortaleza