Mulheres pedreiras atuam nas obras do Castelão
Fixar alvenaria, aplicar chapisco, rebocar paredes, fazer rejuntamentos. Atividades restritas apenas ao universo masculino da construção civil? Não mais. As obras de ampliação, modernização e adequação do Estádio Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, para a Copa do Mundo FIFA 2014, agora contam com três pedreiras.
Publicado 18/07/2011 21:40 | Editado 04/03/2020 16:31

Organizadas e caprichosas, as operárias colocam a mão na massa e fazem o diferencial quando o assunto é acabamento. Liduína Acelino, Francisca Falcão e Maria Vieira têm histórias de vida diferentes para contar, porém todas têm em comum o amor pela profissão que escolheram.
“Meu marido e meus filhos têm muito orgulho de dizer que sou pedreira. Me sinto uma rainha chegando com a farda e o crachá da empresa”, diz Francisca. Ela faz parte da terceira geração de uma família que já ergueu muitos tijolos no Castelão. “Meu avô e meu pai trabalharam na fundação do estádio. E, agora, eu também estou fazendo parte desse momento histórico”, afirma. A operária faz questão de destacar que o ofício não atrapalha a feminilidade dela. Francisca só trabalha maquiada e com o cabelo penteado. “Só não uso brinco por causa da
segurança do trabalho”, afirma.
Já para a pedreira Maria Vieira, o preconceito do então marido foi um obstáculo a ser superado. “Ele dizia que eu só queria agir como homem. Eu não quero isso, quero apenas ter meu espaço. Quero ser reconhecida e ter meu dinheiro”, relembra ela. Antes de virar pedreira, Maria era costureira, mas não ganhava o suficiente para garantir o sustento da família. “Até bem pouco tempo, meus três filhos nunca tinham colocado um tênis nos pés”, conta. Ela rememora que aprendeu o ofício com um tio. Só depois é que se aperfeiçoou no Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai-CE).
Antes de trabalhar na reforma do Castelão, Liduína Acelino, a terceira do time feminino de pedreiras, passou por outras duas obras. Ela relembra que chegou a ser discriminada por ser mulher. “Muitos não aceitavam a gente. Diziam que obra não era lugar para mulher. Achavam que estávamos tomando o lugar deles. E, na verdade, tem lugar pra todo mundo”, acrescenta. Antes de se dedicar aos rejuntes e argamassas, Liduína era doméstica, mas não se sentia feliz. Foi ai que apareceu a chance de fazer um curso de bombeiro hidráulico. Não pensou duas vezes e ainda fez o curso para pedreiro.
O colega de trabalho e servente, Francisco de Oliveira, estranhou a presença de mulheres no canteiro de obras. “Achei curioso, nunca tinha visto uma mulher pedreira. Eu respeito o trabalho delas. Se elas estão aqui é porque têm capacidade”, afirma. O encarregado de pedreiro e responsável por supervisionar o serviço das três pereiras, Agnaldo Menezes, elogia o desempenho das funcionárias e diz que as mulheres apresentam um diferencial em relação aos homens. “Elas são mais caprichosas, detalhistas. São ótimas na organização, na limpeza”, destaca. O secretário especial da Copa 2014, Ferruccio Feitosa, foi conferir de perto o trabalho das novas funcionárias. “Fiquei satisfeito com o empenho, a dedicação e o capricho nas ações desempenhadas pelas operárias”, afirma.
Fonte: Secretaria Especial da Copa