Conferência em Paris pede "missão" da ONU na Líbia
Em conferência em Paris, o chamado "grupo de contato" afirmou querer o envio de uma missão "civil" da ONU à Líbia, ao mesmo tempo que Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, afirmou que a organização deve tomar a liderança na missão de ajudar a nova liderança líbia.
Publicado 01/09/2011 20:26
O presidente francês Nicolás Sarkozy e o premiê britânico David Cameron também afirmaram que as forças leais à Otan, que deflagraram a derrubada do líder líbio Muamar Kadafi, têm todo o direito de julgar Kadafi na Líbia, afirmando também que sua extradição para uma corte penal "não é obrigatória".
As declarações vão no sentido contrário aos pedidos de diversas organizações de direitos humanos, que defendem a ideia de que Kadafi seja entregue ao Tribunal Penal Internacional, em Haia. As forças leais à Otan já declararam que querem que o líder seja julgado no próprio país.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que o Conselho de Segurança da organização tome rapidamente uma decisão sobre envio de uma missão civil. Segundo ele, “dezenas” de países concordam que a ONU deve tomar a liderança na missão de ajudar a nova liderança líbia.
Os líderes também ressaltaram que a agressão desatada pelo Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) vão continuar até que não existam mais focos de resistência aos amotinados apoiados pelo braço armado do imperialismo.
O grupo também acertou repassar o dinheiro confiscado da Líbia, cerca de US$ 15 bilhões às forças de agressão, afirmando que o dinheiro servirá para construir a Líbia "de amanhã".
Grupo pressiona Síria
O chefe de governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, usou seu espaço na conferência para ser o porta-voz de novas ameaças ao governo sírio, ao dizer que o "exemplo" líbio deve se estender a outros países, como a Síria.
"Este exemplo deveria se estender a outros países, como a Síria, que lutam por sua liberdade, e a comunidade internacional precisa dar todo seu apoio", afirmou o líder espanhol. Segundo organizações ligadas aos Direitos Humanos, a Espanha é um dos países da Europa com o maior número de prisioneiros políticos e que tem utilizado força policial e de segurança para conter a independência de regiões como o País Basco.
Zapatero mostra às claras que não foram os "rebeldes" que derrubaram o governo líbio, ao afirmar que "a comunidade internacional tem demonstrado que quando está unida, que quando a ONU toma decisões com força através de seu Conselho de Segurança, chega a seu objetivo em alguns meses, após 42 anos de regime de Kadhafi (…) e está claro que a Síria deve ser parte da reflexão das Nações Unidas".
Presença do Brasil
O Brasil foi representado na reunião pelo embaixador Cesário Melantonio Neto. Em comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, durante a conferência o Brasil se mostrou “ao lado do povo líbio em suas aspirações” e defendeu um “processo democrático de transição” que transcorra com segurança e respeito aos direito humanos.
O país também conclamou todos os lados do conflito a “depor armas e cessar a violência” e disse que instituições como a ONU, a União Africana e a Liga Árabe devem ser usadas para monitorar o cessar-fogo e elaborar estratégias para o período pós-conflito.
O comunicado diz que o Brasil mantém a mesma posição desde as discussões sobre a adoção da resolução 1973, que autorizou a agressão da Otan na Líbia. Na época, o Brasil se absteve durante a votação.
Com agências