Egito vive ressaca depois de julgamento de Mubarak
Os egípcios avaliam nesta quarta (06), com inquietude e incerteza, o julgamento ao ex-presidente Hosni Mubarak, cuja terceira sessão contribuiu com poucas luzes para sustentar a acusação e se sobressaiu mais por violentos confrontos dentro e fora da corte.
Publicado 06/09/2011 10:02
A sessão – retomada na segunda-feira e que continuará na quarta-feira – deixou um balanço oficial de 12 feridos, 22 detentos e mais de 800 polícias mobilizados para conter partidários e opositores do ex-mandatário.
No entanto, à margem das estatísticas e resenhas de meios de comunicação locais sobre os choques fora da Academia de Polícia do Cairo, que atuou como sede do tribunal, o mais penoso ocorreu dentro da sala, com advogados se atacando e testemunhas tropeçando na verdade.
Os veículos que seguiram até o final o anárquico julgamento relataram que nas mais de 10 horas de sessão, só falaram quatro testemunhas e nenhum delas contribuiu para reforçar a acusação contra Mubarak de ter ordenado disparar contra manifestantes.
Ao ex-mandatário, seus dois filhos, Alaa e Gamal, o ex-ministro do Interior Habib Adli e seis altos oficiais da polícia são acusados de terem responsabilidade na matança de cerca de 850 ativistas durante os protestos que provocaram a queda do regime de Mubarak em fevereiro.
"Ele disse que pensássemos nos manifestantes como nossos irmãos e irmãs", declarou o general Hussein Moussa, que dirigiu a unidade de telecomunicações nas Forças de Segurança Central, que tiveram um papel principal na repressão das manifestações.
Moussa respondeu a cerca de 40 perguntas e afiançou assim a defesa de Mubarak, da mesma forma que fizeram os outros três declarantes de menor patente militar, que assinalaram o general Ahmed Ramzy como responsável pelo fato de terem sido disparadas munições reais, causando as mortes.
Junto a depoimentos que esfriaram a acusação, familiares das vítimas -alguns dos quais não puderam ingressar à sala de julgamentos- questionaram também a imparcialidade do juiz presidente do tribunal e creem que haverá uma manobra para inocentar o ex-chefe de Estado. A julgar pelo deplorável espetáculo dado por advogados defensores e das famílias das vítimas, que lançaram sapatos uns nos outros, e queimaram ou enfeitaram fotos de Mubarak em plena sala, muitos fazem maus prognósticos para a sessão da quarta-feira.
Com Prensa Latina