“A poesia morreu dentro de mim”, diz poeta mexicano
O ativista, jornalista e escritor Javier Sicilia declarou o voto de "silêncio poético "quando perdeu o filho de 24 anos, Juan, assassinado pela “narcoguerra” no México: “Como as mais de 40 mil outras vítimas dos criminosos ligados aos cartéis, Juan Francisco não estava envolvido com o narcotráfico, mas, por fatalidade, encontrava-se no local errado e na hora errada”, declarou em abril último, durante a cerimônia de enterro do filho.
Publicado 03/12/2011 13:38
Sicilia foi uma das figuras de destaque da Feira Internacional de Literatura de Guadalajara (FIL), que acontece até domingo (4) na cidade mexicana. É um homem sorridente e cordial quando está longe do microfone, mas quando sobe ao palco, torna-se enfático e sobe o volume na hora de alardear sua luta pacifista.
O autor silenciou os versos, segundo contou, inspirado pelo filósofo alemão, Theodor Adorno (1903-69), que declarou ser um ato de barbárie continuar escrevendo poesia depois de Auschwitz.
"Continuo sendo poeta, mas minha poesia agora é feita de silêncios", diz.
Na FIL, responsabilizou o governo mexicano por não ter protegido Nepomuceno Moreno, um pai que buscava seu filho sequestrado. "Ele vinha sendo ameaçado de morte. O governo sabia e o abandonou."
Moreno foi assassinado no começo da semana.
Sicilia apresentou no evento o livro "Hasta la Madre" (editora Planeta), reunião de textos em que comenta a situação do país. Também participou de um acalorado debate com o ensaísta político Enrique Krauze, que lançava "Redentores" (Benvirá), sobre figuras políticas da América Latina.
Partindo de personagens mencionados no livro, como Eva Perón e Hugo Chávez, os dois intelectuais conversaram sobre o papel do Estado na América Latina.
Redação com informações da Folha