Posse da nova diretoria da Feebbase será na sexta-feira
A nova diretoria da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feebbase) toma posse na próxima sexta-feira (6/1), em Salvador. A solenidade acontece às 19h, na sede do Sindicato dos Bancários da Bahia, na avenida Sete de Setembro, no Centro da cidade. Eleita para o triênio 2012/2015, a direção tem como presidente reeleito Emanoel Souza, que em entrevista ao jornal O Bancário falou sobre os desafios da nova gestão. Confira a entrevista:
Publicado 04/01/2012 18:31 | Editado 04/03/2020 16:18
Quais os desafios para a próxima gestão da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe?
Emanoel Souza – O primeiro aspecto é a coordenação dos sindicatos de toda a Bahia e de Sergipe no sentido intensificar a política classista que hoje vigora. A conjuntura que se aproxima não será fácil. A crise mundial, mais cedo ou mais tarde, terá reflexos no Brasil, e, por conta disso, é importante que os trabalhadores desde já unifiquem as ações. A Federação ainda coordena as campanhas salariais para que, junto com a CTB e outras centrais sindicais, sejam feitas mobilizações no sentido de garantir os direitos que os trabalhadores têm hoje e ampliar outros.
Quais foram os momentos mais difíceis enfrentados até agora?
ES – Na última gestão conseguimos dar conta de coisas importantes. Havia uma demanda muito grande dentro da Federação no sentido da interiorização da entidade. Ou seja, uma presença maior nos sindicatos de base. Conseguimos avançar, mas precisamos avançar mais. Progredimos também na comunicação, mas precisamos estar mais presentes nas redes sociais. O terceiro aspecto é a formação. Não apenas a formação política dos dirigentes sindicais e sim começar a olhar a formação do bancário.
Qual é a posição da Federação em relação à proposta da CUT na defesa da reforma sindical?
ES
– Discordamos totalmente da proposta, que vem no sentido de por fim a unicidade sindical, ou seja, instituir o pluralismo sindical no país. O que significa mais de um sindicato da mesma categoria numa base. Nós somos contra. Achamos, inclusive, muito grave que o assunto seja trazido para o centro do debate agora, principalmente no momento em que os trabalhadores de todas as categorias receberão ataques. Porque não tenham dúvida, na crise do capitalismo, a corda arrebenta no lado mais fraco. Se não tivermos organizados enquanto classe trabalhadora, perderemos direitos aqui no Brasil. Além de discordarmos do conteúdo, defendemos firmemente a questão da unidade sindical.E a CTB tem uma contraproposta?
ES
– A posição da CTB é de que a discussão da reforma sindical seja feita na perspectiva de ampliar a democracia, os espaços de reconhecimento do movimento sindical. Agora, o que os trabalhadores precisam fazer é entregar a pauta aprovada no Conclat, que contou com mais de 20 mil pessoas. Esta é a agenda dos trabalhadores. E na agenda esse ponto não é discutido. Temos de debater a melhoria das condições de trabalho, o fim da terceirização, a elevação do poder de compra do trabalhador, a reforma agrária, a democratização da mídia, a reformulação do SUS, garantindo mais verba e qualidade e a redução dos juros. Esses são os temas que precisamos nos concentrar agora.
Porque considera importante a luta pela democratização da mídia pelos sindicatos?
ES – Ela não é importante apenas para os sindicatos. Hoje, sem a democratização, sem o acesso às informações, sem a possibilidade de as pessoas também serem produtoras de informação, não existe democracia. A mídia brasileira é concentrada na mão de seis ou sete famílias, que manipulam a notícia a seu bel prazer. Essa situação é insuportável. Trata de você democratizar o acesso, seja no que diz respeito à concessão das emissoras de rádio e TV, a por fim a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Que seja principalmente no que diz respeito à implantação de um plano nacional de banda larga para toda a população para que as pessoas possam ter também uma descentralização da produção. Atualmente, 90% do que é produzido na Globo, por exemplo, vem do eixo Rio-São Paulo. Só que o Brasil é muito mais rico do que isso. O país tem uma riqueza cultural imensa na Amazônia, no Rio Grande do Sul, aqui na Bahia, em todo o Nordeste. Então, quando trabalhamos o debate da democratização da mídia, estamos lutando por democracia. Quando chega ao movimento grevista, na luta dos trabalhadores, essa imprensa dá apenas a versão do ponto de vista dos patrões. Quando a imprensa se refere a uma ação do MST, utiliza invasão de terra. Quando se refere a Israel em relação aos palestinos, usa o termo ocupação de terra. A acepção da palavra mudou todo o conteúdo. Democratizar as mídias é democratizar as relações sociais no Brasil e nós já passamos da hora de fazer isso.
Entrevista publicada pelo jornal O Bancário de 19/12/2011.