Renato Rabelo: Juros em queda, horizonte de oportunidades
Pode não ser o melhor dos mundos, mas em política um passo adiante vale mais do que mil discursos e milhões de intenções. Com a quarta queda seguida da taxa de juros (Selic, que foi a 10,5% ao ano) fica claro que existe uma transição na política monetária. Algo nada desprezível para os padrões e a força que o discurso monetarista ainda detém na sociedade e no Estado.
Publicado 20/01/2012 12:01
Mas o caminho é longo, tortuoso e complexo. A indústria nacional teve um ano de 2011 de séria afronta à sua sobrevivência, fato este marcado pela perda de 35,5 mil vagas. A taxa de investimentos com relação ao PIB ainda é muito baixa para os padrões de uma economia continental.
Os entulhos neoliberais continuam em ação, impedindo ainda uma ação contundente para problemas sérios, entre eles o do próprio perfil da dívida pública e da taxa de câmbio. O investimento público e privado precisa crescer numa velocidade capaz de tirar nosso país do atraso não somente em relação aos países desenvolvidos, mas mesmo entre nossos parceiros do Brics.
As ameaças externas ao nosso desenvolvimento ainda estão vivas. O crescimento previsto para o mundo em 2012 é de apenas 2,2%. E o Brasil pode crescer 5%. É momento de o país apostar na construção de um mercado interno vigoroso e num crescimento mais pautado no investimento e menos no consumo.
Nosso país tem capacidade, disso não temos dúvidas. O horizonte se abre cada vez mais diante da nação. Esta nova queda da taxa de juros é apenas expressão deste movimento.