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EUA: Indignados festejarão com greve Dia dos Trabalhadores

Membros do grupo Ocupar Wall Street (OWS) anunciaram a convocação de uma greve geral durante o dia 1 de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores.

Por Luis Brizuela Brínguez, na Prensa Latina

Em um comunicado, os chamados indignados pediram a seus seguidores participar das marchas ao longo de toda a nação contra os abusos financeiros dos setores mais ricos do país.

Os pacifistas estão exortando seus seguidores de uma costa a outra da união a manter-se fora do trabalho e da escola, e abster-se de gastar dinheiro em lojas ou comércios.

Em um dia sem 99%: Não trabalho, não escola, não ir às compras, não limpar as casas, não às operações bancárias. O mais importante: Tomar a rua!, anunciou o texto publicado na página digital do grupo: www.occupywallst.org.

Ativistas preveem que uma coalizão de sindicatos e grupos de trabalhadores de justiça marchem nesse dia por Nova York, cidade que em 17 de setembro de 2011 viu emergir o movimento, cuja bússola aponta a denunciar o poder desmedido atingido por bancos e corporações.

Como parte da preparação para o denominado May Day (Primeiro de Maio), membros de OWS iniciaram em 16 de março "marchas de treinamento de primavera", da Praça da Liberdade até Wall Street, símbolo do poder financeiro.

Estas caminhadas se efetuarão em todas as sextas-feiras e permitirão aos pacifistas realizar ações de rua e performances como treinamento, ressaltou o site do grupo.

"Os delitos que se cometeram em Wall Street nos trouxeram aqui e continuaremos levando a mensagem e fazendo tangível o conflito civil", destacou a publicação.

Chama a atenção que nos Estados Unidos o Primeiro de Maio não constitui em um dia de comemoração; em seu lugar celebra-se o Labor Day na primeira segunda-feira de setembro, convocado pela primeira vez em 1882 pela Nobre Ordem dos Cavaleiros do Trabalho.

Isso resulta paradoxal, pois a cidade estadunidense de Chicago constituiu a origem da celebração da qual tomam parte os trabalhadores de quase todo mundo.

No primeiro de maio de 1886 trabalhadores em Nova York, Chicago e outras muitas cidades da costa este dos Estados Unidos iniciaram greves para demandar melhoras em suas condições de trabalho, entre elas a jornada trabalhista de oito horas.

Em uma das fábricas em greve, a têxtil McCormik, a polícia disparou tiros por ordens do governador e matou dez e feriu centenas.

Como a greve continuou, sobreveio uma brutal repressão, capturaram os supostos organizadores e um júri amanhado condenou seis trabalhadores à morte, sob acusação de sedição e traição.

Em 1893, um tribunal de Illinois sentenciou que os enforcados não tinham cometido nenhum crime.

Por acordo do Congresso Operário Socialista da Segunda Internacional, celebrado em Paris em 1889, o primeiro de maio passou a ser uma jornada de homenagem aos conhecidos desde então como Os mártires de Chicago. Nesse dia, no entanto, converteu-se em feriado para trabalhadores de algumas nações; ou de reivindicações e reclames de transformações nas condições salariais e de humanização de suas tarefas.

A greve que preveem efetuar os integrantes de OWS pode constituir um significativo apoio ao movimento sindical e operário nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que buscaria fazer mais visíveis as dificuldades que atravessa atualmente a classe trabalhadora nesse país.

Foram precisamente os efeitos da crise econômica em 2008, o peso financeiro de duas guerras (Iraque e Afeganistão), as altas taxas de desemprego – agora em 8,3% – e a bancarrota do mercado imobiliário e, com isso a perda de centenas de milhares de moradias, que detonaram a atual onda de indignação.

A depauperação dos principais indicadores sociais durante a administração do presidente Barack Obama abriu uma espécie de caixa de Pandora da qual emergiram as contradições e falsidades do american way of life.

O movimento foi iniciado sobretudo por desempregados e indivíduos da classe média baixa, mas adquiriu um caráter plural à medida que se integraram negros, latinos, jovens universitários, mulheres, idosos e veteranos de guerra, entre outros grupos sociais.

Recentemente, durante uma convenção em Saint Louis, estado de Missouri, ativistas desse movimento celebraram os primeiros seis meses de ocupação de ruas e espaços públicos, ao mesmo tempo em que debateram como desenvolver novas ações nos próximos meses.

Rachael Perrotta, ativista do Ocupar Chicago, explicou que o encontro pretendeu compartilhar experiências e criar uma infraestrutura de comunicações para levar o movimento a um novo nível.

Logo, maio não só testemunhará a greve geral, já que o grupo planeja reforçar suas bases na denominada Cidade dos Ventos, onde será realizada nos dias 20 e 21 a Cúpula dos líderes dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Fonte: Prensa Latina