Dilma: Brasil tem que vencer elevadas taxas de juros e de câmbio

Em cerimônia que comemorou o Dia do Diplomata, nesta quinta-feira (20) no Itamaraty, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil deve mostrar que é possível um novo modelo de política internacional que não seja imperialista ou de subordinação. Aos novos diplomatas, durante a formatura do Instituto Rio Branco, ela analisou que o Brasil tem que se livrar de três amarras: as elevadas taxas de juros e de câmbio, além dos impostos altos.

Apresentando características deste novo modelo, defendeu uma relação econômica equilibrada entre os países da América Latina. “Nós temos de mostrar, aqui na América Latina, que é possível uma relação econômica mais equilibrada, de integração de cadeias produtivas, e que os países, diferenciadamente, ganhem, reconhecendo o papel de cada país nesse cenário, sabendo, inclusive, que há diferenças. Sabendo que há relações diferenciadas também desses países com o mundo”.

Sobre a nova política internacional praticada pelo Brasil, Dilma citou a integração em blocos econômicos de relevância no cenário político e econômico internacional, como o Brics – formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – e o Ibas – grupo integrado pela Índia, o Brasil e a África do Sul. “O Brasil tem um diálogo bastante especial, tanto também no Ibas, o Brasil não é só ouvido, é protagonista”.

A presidente reiterou ainda que é fundamental associar os esforços pelo desenvolvimento econômico, o diálogo e as parcerias com a preservação dos direitos humanos. “O Brasil tem a característica de preservar, de respeitar nós mesmos, o fato de nós sermos um país com uma tradição muito forte de paz e democracia”.

Defesa da redução dos juros

Em entrevista coletiva após a cerimônia, Dilma afirmou que, tecnicamente, é difícil justificar a manutenção de spreads tão elevados. Para ela, os juros devem refletir realidade do país: “Temos uma situação muito especial em relação às economias emergentes. Estamos caminhando para taxas maiores de crescimento. Então, os juros também vão refletir, cada vez mais, essa realidade de maturação”.

Justificando a capacidade e necessidade do Brasil em praticar taxas de juros compatíveis com os padrões internacionais, Dilma lembrou que o Brasil é reconhecidamente um país com uma situação econômica de estabilidade, de respeito. “Nós somos um país que tem o absoluto respeito aos princípios macroeconômicos, de controle de inflação, de robustez fiscal, em relação dívida-PIB”, acrescentou.

Homenagem

A formatura da turma de diplomatas do Instituto Rio Branco fez uma homeagem a homenageou a diplomata Milena Medeiros, que morreu no ano passado em decorrência de complicações da malária adquirida durante missão na África.
“Foi muito emocionante vocês terem escolhido a Milena Medeiros. O ato de escolha é um ato de afirmação. Esse país tem de ter muitas Milenas, sejamos capazes de permitir que esse país tenha muitas Milenas”, disse a presidente, referindo-se ao fato de a diplomata ser negra e ter nascido no Acre.

De Brasília, com agências