Repressão a revolta contra ditadura no Egito matou 841

Um total de 841 civis morreram no Egito por causa da repressão de forças governamentais durante os 18 dias de revoltas contra Hosni Mubarak, revelou nesta quarta-feira (16) um relatório de ativistas de direitos humanos.

A Rede Árabe pela Informação de Direitos Humanos apresentou uma lista de vítimas da violência das forças de segurança e a polícia egípcias durante os dias finais do regime de Mubarak, que se viu obrigado a renunciar em 11 de fevereiro de 2011.

De acordo com o relatório, considerado o estudo mais completo depois de investigações dos acontecimentos de 25 de janeiro do ano passado, 673 dos 841 mortos receberam disparos de bala provenientes das forças de repressão.

Outras 45 mortes foram atribuídas a asfixia, basicamente inalação de gás lacrimogêneo lançado pelas forças repressivas, e outros nove foram devido a atropelamentos, quando veículos militares passaram por cima de manifestantes ao irromper sobre a multidão.

A lista, cujos autores confiam que possa ser útil no futuro "quando exista vontade política genuína para investigar", não inclui os 26 efetivos de segurança mortos em enfrentamentos com civis que participavam nos protestos de rua.

O relatório também indicou que 30 cadáveres não puderam ser identificados porque as pessoas foram queimadas, esmagadas por veículos militares ou pereceram em circunstâncias que as deixaram irreconhecíves.

Uma missão ordenada pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), instância à qual Mubarak cedeu o poder, tinha investigado o tema e contabilizado, até abril do ano passado, 846 mortes relacionadas com os 18 dias de insurreição, mas omitiu os detalhes.

"Este relatório é um simples esforço para honrar os mártires", expressou o advogado Gamal Eid, chefe da rede, ao comentar aos meios noticiosos locais sobre as investigações que também confirmaram os métodos utilizados pelos uniformizados.

Segundo os documentos, houve um uso generalizado de disparos de armas de fogo contra civis, o que permitiu concluir que houve um padrão de repressão letal contra os manifestantes.

A informação sai à luz semanas antes do 2 de junho, a data fixada para que um tribunal de alta instância dite sentença contra Mubarak, seus dois filhos e outros ex-funcionários por supostamente ter ordenado disparar contra quem provocaram sua derrubada.

Fonte: Prensa Latina