Estão na rua as 94 famílias que viviam em prédio abandonado em SP
Acontece desde o início da manhã desta terça-feira (28) a reintegração de posse de um prédio abandonado há cinco anos na avenida Ipiranga, 908, no centro da cidade de São Paulo. Segundo a Frente de Luta por Moradia (FLM), responsável pela ocupação, o imóvel foi ocupado durante 10 meses e, agora, 94 das 130 famílias que moravam no local não têm para onde ir. Dessas, 78 são crianças e jovens.
Publicado 28/08/2012 13:05 | Editado 04/09/2020 17:14
A Polícia Militar de São Paulo acompanha o mandado judicial de reintegração por se tratar de um imóvel particular. Tudo acontece de maneira pacífica. No entanto, o clima de apreensão é grande tendo em vista que as pessoas devem ficar acampadas em lonas improvisadas, nas calçadas das imediações do prédio.
“Fizemos uma assembleia que decidiu que não vamos aceitar ir para abrigos municipais para evitar que as famílias sejam separadas. Normalmente, não há vagas para todos de uma única família no mesmo endereço e também os locais sugeridos são distantes do centro, onde elas começaram a se organizar. As crianças e adolescentes já estão matriculadas nas escolas do Centro”, explicou ao Vermelho Osmar Silva Borges, coordenador-geral do FLM.
Ele contou que as famílias explicaram aos representantes da Secretaria Municipal de Habitação a situação. Desde ontem à noite, segundo o município, vem sendo feito um levantamento dos ocupantes do prédio e já foram oferecidas vagas para todas as 94 famílias. A prefeitura, por meio de sua assessoria, garantiu que há vagas para todas, mas não soube dizer para quais endereços deverão ser encaminhadas.
As conversas entre as partes ocorrem desde o dia 18 de abril, quando saiu a ordem de desocupação do prédio. A prefeitura deu 90 dias para as famílias procurarem outro local para morar e hoje é a data-limite para a desocupação.
Dois caminhões foram disponibilizados pelo dono do imóvel, para a retirada dos móveis e outros pertences, que ainda acontecia até às 12h30 desta terça. Segundo Osmar, o prédio pertence a mais de um dono.
Ainda de acordo com Osmar Borges, a FLM existe há 12 anos e tem origem nas organizações de oito movimentos que agiam de maneira clandestina, em diversos bairros da cidade, além de associações comunitárias de bairro.
“Não temos vinculação com qualquer partido. Recentemente, fomos convidados a participar da elaboração do plano de habitação apresentdo pelo candidato a prefeito Fernando Haddad (PT)”, contou o coordenador-geral da FLM.
Deborah Moreira
Da redação