Honduras: Organizações repudiam violência no país
Organizações internacionais, cientes do contexto de violência e impunidade que impera em Bajo Aguán, Honduras, condenam o assassinato recente do advogado e defensor dos direitos humanos, Antonio Trejo, e do promotor especial para os direitos humanos do departamento de Choluteca, Eduardo Díaz Mazariegos. As organizações afirmam que continuarão monitorando a situação e cobrando ação das autoridades a fim de que se resolva o conflito agrário entre camponeses e proprietários de terra.
Publicado 03/10/2012 17:29
Trejo, de 41 anos, foi assassinado a tiros no dia 22 de setembro, nas proximidades do aeroporto Toncontín, em Tegucigalpa. O advogado era o representante legal do Movimento Autêntico Reivindicador do Aguán (Marca) e lutava pelo acesso a terra.
Após 18 anos de batalha judicial, Trejo conseguiu que o Tribunal Civil de Letras de Francisco Morazán e o Tribunal de Letras Seccional de Trujillo ditassem sentenças assegurando que a posse das propriedades San Isidro, La Trinidad e El Despertar por parte dos empresários Miguel Facussé e René Morales, era ilegal. De forma que as propriedades fossem restituídas aos camponeses.
A decisão não durou muito tempo e os campesinos foram obrigados a desocupar as terras, mas foi o bastante para incomodar os detentores de poder na região. Depois desta sentença, as ameaças a Trejo e sua família se intensificaram.
Dois dias depois, em 24 de setembro, o promotor especial para os direitos humanos do departamento de Choluteca, Eduardo Díaz Mazariegos foi vitimado fatalmente, também à bala, por desconhecidos, nas proximidades do Ministério Público.
Antonio Trejo e Eduardo Díaz entraram para a extensa lista de defensores de DH, ativistas e camponeses mortos no contexto do conflito agrário em Bajo Aguán. Nesta região, situada no departamento de Colón, pelo menos 54 pessoas ligadas a organizações campesinas do Aguán foram assassinadas. Além destes, um jornalista e seu parceiro também estão entre as vítimas, todas mortas após setembro de 2009, ano marcado em Honduras pelo golpe de Estado que tirou Manuel Zelaya do poder. Além destes, um campesino está desaparecido desde 15 de maio de 2011.
Motivo de preocupação também, segundo a Promotoria Especial de Direitos Humanos, é a ausência de investigações imparciais e sérias para solucionar estes crimes.
Na tentativa de ajudar a solucionar o conflito agrário na região, as organizações internacionais reforçam as demandas das comunidades campesinas e pedem o fim da repressão e perseguição aos membros de comunidades campesinas; a busca de soluções integrais e justas às demandas; e o fim dos desalojamentos forçados.
Fonte: Adital