Eleição de Chávez, a mais importante tarefa dos latino-americanos

A partir desta quarta-feira, 3 de outubro, na condição de representante da direção nacional do Partido Comunista do Brasil, estaremos na Venezuela para acompanhar a reta final da campanha do presidente Hugo Chávez, rumo à reeleição no próximo domingo, 7 de outubro.

Por José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho

Manteremos contatos políticos com a direção do Partido Comunista Venezuelano, o Partido Socialista Unido da Venezuela e as delegações internacionais da América Latina e de todo o mundo que estarão na República Venezuelana cumprindo a mesma missão.

Sobretudo estaremos em contato com o povo, nas ruas, centros de trabalho, escolas e universidades.

Assistiremos ao majestoso comício da quinta-feira, dia 4, quando a direção da Campanha Carabobo – como é conhecida a campanha de Hugo Chávez, em alusão a uma batalha decisiva das lutas pela independência da nação irmã – prometeu encher sete avenidas. Com certeza, milhões de pessoas serão mobilizadas para a arrancada final da vitória do comandante bolivariano e líder anti-imperialista.

Tenho defendido neste espaço que – ressalvadas as batalhas específicas de cada país e as tarefas peculiares de cada partido revolucionário – a reeleição do presidente Hugo Chávez é a mais importante tarefa das forças anti-imperialistas da América Latina.

Antes da primeira vitória eleitoral de Hugo Chávez na Venezuela, em 1998, as perspectivas da América Latina eram as mais sombrias. Estava em curso uma tremenda ofensiva neocolonialista e, com a honrosa exceção de Cuba revolucionária, o imperialismo contava com o consentimento, a permissividade e o beneplácito das classes dominantes, oligarquias e governos locais. Aqui mesmo no Brasil, estava no poder o governo neoliberal, conservador e entreguista de FHC. Tudo indicava no sentido da submissão ao chamado Acordo de Livre Comércio para as Américas (Alca).

Esta situação começou mudar a partir da tomada do poder por Hugo Chávez. Ele lançou o brado da integração dos povos, da unidade latino-americana e caribenha, a partir do ideário do libertador Simon Bolívar, reintroduziu na ordem do dia a luta anti-imperialista e pelo socialismo.

Internamente, Chávez iniciou sua revolução democrática promovendo a redação e promulgação da Constituição, documento que lhe deu força para iniciar o desmonte do sistema político das oligarquias ligadas ao imperialismo. A nova Constituição lançou as bases para o pleno exercício da soberania popular e nacional com a democracia participativa, assim como para realizar reformas estruturais profundas com conteúdo democrático, nacional e patriótico, no rumo do socialismo.

Chávez introduziu um modo novo de governar e de enfrentar a questão social, tão aguda em seu país. Não se deixou levar pela rotina do Estado burocrático. Lançou um ambicioso programa social e de mobilização popular a que chamou de Missões, pelo qual enfrentou os problemas da educação, da saúde, da educação, da alimentação e do bem-estar social.

Em outra frente estratégica, Chávez nacionalizou o petróleo, que passou a alimentar não mais os apetites insaciáveis de lucro das multinacionais, mas a sustentar o desenvolvimento de um país soberano.

Com isso, o líder bolivariano conquistou impressionante adesão popular, mas também, por outro lado, o ódio da burguesia e do imperialismo.

Por esta razão, foi vítima de um golpe de Estado, de sabotagens à economia e de uma tentativa de revogar seu mandato. Foram intentonas contrarrevolucionárias comandadas de fora pelo imperialismo com o apoio das oligarquias internas.

As posições sustentadas por Chávez a favor da verdadeira independência, da unidade e da integração regional, credenciaram-no como o principal líder anti-imperialista, depositário da confiança dos povos da “Nuestra América”, como denominou José Martí.

A partir de um determinado momento, a consolidação da revolução bolivariana na Venezuela começou a coincidir com avanços da luta democrática e popular em outros países que resultaram na conquista do poder central por presidentes identificados com as causas democráticas, populares e patrióticas, formando-se, assim, um novo quadro político.

Com isso, avançou a integração, criando-se inclusive instrumentos novos como a Celac – Comunidade Latino-americana e Caribenha, surgindo daí uma nova situação política no enfrentamento às posições hegemonistas do imperialismo estadunidense.

Depois de 14 anos de exercício do poder por Hugo Chávez, baseado em ampla frente política de esquerda e no imenso movimento popular que o respalda, a Venezuela avançou na construção do bem-estar social e na elevação da consciência política do povo.

São estas conquistas que estão em jogo neste 7 de outubro nas eleições venezuelanas. Em tais circunstâncias, o presidente Chávez afirmou: “O que o que está em jogo é a própria Pátria”. Poderíamos acrescentar: É a própria América Latina, a própria luta anti-imperialista, a própria perspectiva do socialismo na região. Afinal, como disse o líder da revolução cubana, Fidel Castro, “poucas vezes, talvez nunca, pôde- se refletir, tão nitidamente, uma luta de ideias entre o capitalismo e o socialismo como a que se expressa hoje na Venezuela”.

Os inimigos da liberdade e da soberania dos povos percebem isto, sabem o que está em jogo. Por isso, nestes dias as páginas dos jornais e os programas televisivos em todo o mundo estão repletos de matérias mentirosas sobre a Venezuela, seu sistema político, sua realidade econômico-social, sua perspectiva histórica. É propaganda pura, luta de ideias bruta, em nome de um mundo corrompido, decadente e injusto, diante do qual o povo venezuelano expressará mais uma vez, democraticamente, a sua rejeição.

Da nossa parte, do Partido Comunista do Brasil e do Portal Vermelho, expressaremos nossa solidariedade com a revolução bolivariana e seu líder e nos incorporaremos às tarefas necessárias à sua vitória, pois temos a arraigada convicção de que se a América Latina é na atualidade a região mais progressista do mundo na luta anti-imperialista, a Venezuela é seu ponto mais avançado.

Ouça também na Rádio Vermelho.

Fonte: Blog da Resistência  www.zereinaldo.blog.br