Merkel quer poderes para a UE vetar orçamentos de países-membros

A chanceler alemã, Angela Merkel, defenderá nesta quinta-feira (18), durante a abertura do Conselho Europeu, em Bruxelas, que a União Europeia possa vetar orçamentos dos países-membros que compõem o bloco. Ela anunciou essa decisão durante uma intervenção no Bundestag, o parlamento alemão, em Berlim, onde apresentou sua agenda para o encontro de cúpula. A mesma posição já havia sido defendida pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.

Ângela Merkel

No discurso, Merkel também quis deixar claro que terá apoio para enfrentar qualquer oposição à sua defesa intransigente das medidas de austeridade, dando um recado ao presidente francês, François Hollande.

“Somos da opinião – e falo disto em nome de todo o governo alemão – de que podemos dar um passo em frente ao darmos à Europa verdadeiros direitos de intervenção nos orçamentos nacionais, quando estes não respeitarem os limites fixados para a estabilidade e o crescimento”, disse Merkel, para quem o veto seria unilateralmente decidido pelo comissário europeu de Assuntos Econômicos. A pasta é atualmente ocupada pelo finlandês Olli Rehn.

A chefe de governo alemão foi aplaudida no Bundestag ao dizer que "muitos membros da União Europeia não estão prontos para isso, lamentavelmente", mas que lutará por esse ideal durante a reunião.

"Fico espantada quando alguém faz uma proposta progressista e imediatamente se grita que não vai funcionar, que a Alemanha está isolada, que não o podemos fazer. Não é assim que vamos construir uma Europa crível", disse ela, em crítica indireta a Hollande, que entende que as medidas de austeridade fiscal, defendidas a ferro e fogo por Merkel deveriam ser mais flexíveis e priorizar o crescimento econômico.

Merkel também falou sobre o tema do projeto de supervisão bancária na zona do Euro, defendendo a posição que a medida não deve ser construída com tanta rapidez (muitos líderes defendem que ela esteja pronta em janeiro de 2013). Para ela, a pressa em atribuir mais poderes ao BCE (Banco Central Europeu) poderá revelar-se uma “fórmula para o fracasso”.

Por outro lado, ela considera que injetar capital nas entidades bancárias a partir do novo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade financeira) é uma solução que não poderá ser levada à prática sem que as estruturas de supervisão estejam completamente operacionais. “A conclusão do processo legal para a supervisão bancária não é suficiente em si mesma”, disse.

Com informações do Opera Mundi