Pelegrino: "o adversário se aproveitou de uma conjuntura"

Com 53,51% dos votos válidos, o candidato ACM Neto confirmou a pesquisa de boca de urna divulgada no final da tarde deste domingo (28/10), de que ele poderia chegar até 54%. O candidato do partido Democratas derrotou Nelson Pelegrino (PT) nas urnas e é o novo prefeito de Salvador. O postulante à prefeitura que representa a coligação Todos juntos por Salvador obteve 46,49% dos votos no segundo turno.

Para Pelegrino, diversos fatores contribuíram para este cenário. “O adversário se aproveitou de uma conjuntura. As greves e diversos outros precedentes contribuíram. Inclusive, nesta reta final, a máquina da prefeitura, que apoia Neto, correu para asfaltar ruas, tapar buracos, rever a iluminação. Tudo isso influencia a opinião do eleitor. Aí, o DEM conseguiu ampliar a diferença”. E ele concluiu: “Nessas horas, a gente não pode ficar tentando achar explicações. Tenho 22 anos de vida pública limpa”.

A campanha de Pelegrino foi construída à base de muito diálogo com a população e a partir de encontros e discussões com os mais diversos segmentos da sociedade soteropolitana. “Pelegrino começou nas pesquisas com 13% e foi crescendo, até aparecer com 43%. Inclusive, as sondagens indicavam que não haveria 2º turno, mas a chapa conseguiu passar”, afirma o presidente municipal do PCdoB, Geraldo Galindo. E ele completa: “Infelizmente, a maioria dos eleitores da capital baiana preferiu dar vez ao retrocesso, representado por ACM Neto. Mas, a luta política é essa”.

Para o presidente municipal, a administração vai ser voltada para as elites, com repressão aos movimentos sociais e autoritarismo. Mas, ele afirma que é necessário cumprir o papel de oposição. “É isso que o PCdoB vai fazer, para tentar amenizar os problemas que podem ser causados à população”. Olívia Santana, vice de Pelegrino na chapa, comunga do pensamento. “Forças conservadoras vão se apoderar da prefeitura, mas nós vamos continuar lutando pela nossa cidade, principalmente por aqueles que mais precisam”.

“O eleitor fez esta opção e nós respeitamos. Salvador perdeu uma boa oportunidade de ter um governo alinhado ao estadual e ao federal. Acredito que isso não fará bem à cidade, mas vamos torcer para que não seja tão danoso, como tem sido historicamente”, diz o presidente estadual do Partido Comunista do Brasil, Daniel Almeida. Olívia complementa: “Salvador perdeu uma oportunidade de mudar, de garantir o desenvolvimento com distribuição de renda, com um conjunto de forças políticas que poderiam fazer mais pela capital. Queríamos que isso se traduzisse em Salvador.”

Apesar da diferença entre os dois – 7,02% dos votos válidos –, o índice de abstenções na votação, de 21,53% (1,6% a mais do que o registrado no 1º turno, 19,93%), revela que os soteropolitanos ainda estão sobre o forte impacto da situação caótica em que a cidade se encontra.

De Salvador,
Maiana Brito