Diálogos de paz entre as Farc e o governo entram em recesso
As conversas entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exercito do Povo (Farc-EP) e o governo de Juan Manuel Santos entraram em recesso por um dia, no quinto ciclo de diálogos que travam para conseguir a paz na Colômbia.
Publicado 21/02/2013 13:10

Enquanto o tema do desenvolvimento agrário tem centrado os debates durante os três dias, tanto na mesa de diálogos, como na agenda pública, esta última tem incluído também outros assuntos: o cessar bilateral de hostilidades, a presença nas práticas do comandante guerrilheiro Simón Trinidad e a necessidade da participação popular.
Questão da terra
Sobre o assunto da terra, a guerrilha apresentou no primeiro dia diante da imprensa 10 propostas mínimas para garantir a soberania alimentar e a melhoria da qualidade de vida da população, documento que defendeu o direito cidadão de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, comercialização e consumo de alimentos.
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O chefe da equipe das Farc-EP, Iván Márquez, leu o comunicado no qual abordou a necessidade de proporcionar proteção, estímulo e subsídio à produção camponesa de alimentos, bem como conseguir encadeamentos entre diversos modelos produtivos.
Por parte da delegação governamental, seu chefe, Humberto de la Calle, declarou que, para conseguir o fim do conflito armado colombiano, com mais de meios século de existência, é fundamental resolver a questão agrária.
"Como o disseram o Presidente Juan Manuel Santos e o ministro de Agricultura, Juan Camilo Restrepo, a construção de uma paz estável e duradoura passa necessariamente pela transformação do campo, uma de cujas variáveis principais é o acesso dos camponeses à terra", manifestou.
A terra encabeça a agenda de seis temas que guia as práticas, seguido pelas garantias para a participação política, o fim do conflito armado, a solução ao problema das drogas ilícitas, os direitos das vítimas e os mecanismos de verificação e referendo do pactuado na mesa.
Cessar-fogo
No segundo dia, as Farc-EP reiteraram mais uma vez sua disposição de lembrar com o governo um cessar bilateral de hostilidades, com o objetivo de propiciar um bom ambiente para o desenvolvimento das conversas, iniciadas em 19 de novembro com Cuba e Noruega como garantidoras.
É imperativo parar a hemorragia nacional, principalmente no meio de um diálogo de paz, bem como "sair do turbilhão que obriga os colombianos mais pobres se manterem entre si para que os de mais ricos vivam bem", destacaram.
Cidadania
A participação cidadã no processo de paz como elemento decisivo foi tratada também pela guerrilha, mediante um comunicado no qual consideraram um direito e um dever de obrigatório cumprimento, de acordo com a Constituição colombiana.
O documento divulgado por Jesús Santrich, membro dessa equipe, apontou que os servidores públicos e a delegação de paz do governo de Juan Manuel Santos devem entender que a intervenção de pessoas -jurídicas ou individuais- nos processos de paz não pode ser criminalizada, de acordo com o Direito Internacional.
"…inclusive diferentes especialistas internacionais destacam que este direito não é acionável senão tem que também ser justiçáveis, exigido diante dos tribunais", agregou o comunicado.
Por outro lado, os guerrilheiros reclamaram constantemente a presença na mesa de Simón Trinidad, preso nos Estados Unidos, por sua capacidade para contribuir ao processo a partir de sua sabedoria e experiência.
Fonte: Prensa Latina