Em meio a polêmicas, dialógo de paz para a Colômbia continua

Depois de reconhecer certos avanços no processo de paz e polemizar em torno de algumas tensões, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) e o governo desse país prosseguem neste sábado (23) seu quinto ciclo de conversas.

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O comandante da guerrilha Timoleón Jiménez pediu ao presidente Juan Manuel Santos salvar a paz, em uma carta aberta divulgada na última sexta-feira (22) na entrada do Palácio de Convenções, sede permanente da mesa.

O líder guerrilheiro apontou que ainda que se conseguiram importantes avanços nas conversas, iniciadas em 19 de novembro, as atitudes oficiais ameaçam afundar tudo em um pântano."Santos, a tão estreita e calculada concepção do processo aponta para seu afogamneto. Vamos salvá-lo", afirmou.

Jiménez referiu-se ao ato de entrega de terras a camponeses realizado no passado 20 de fevereiro na província colombiana de San Vicente del Caguán, no qual Santos disse que as Farc-EP têm dominado hectares dos camponeses.

Ao respeito, o líder das Farc-EP propôs criar uma comissão de alto nível integrada pela guerrilha e o governo, com participação de sindicatos, organizações sociais e observadoras, para visitar e verificar a situação real de "os terrenos que dizem que foram arrebatados por nós".

Neste sentido, considerou oportuna uma comissão integrada pelo ex-presidente estadunidense Jimmy Carter, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), a União das Nações Sul-americanas, a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, assim como outras organizações que o governo proponha.

A carta do comandante guerrilheiro questionou as intenções do governo ao entregar as terras aos moradores rurais.

A linguagem de Santos para os camponeses, disse, de afastar as diferenças e trabalhar juntos para conseguir objetivos de prosperidade, relembra as palavras cordiais com as que desde a antiguidade os avarentos têm enganado ao pobre infeliz para que se aprestem a se privar de seus centavos.

Também chamou a atenção sobre o fato de que Santos não mencionou o processo de paz que já leva quatro meses de conversas, e que foi inclusive promovido por ele mesmo depois de assumir a presidência.

"Nem uma só vez mencionou o que considerou bandeira fundamental de seu governo (…) É essa a forma como se cria um ambiente propício para o processo e os diálogos? Assim é como o governo nacional contribui sua parte à reconciliação, Santos?", perguntou.

Nesse contexto avança o processo que procura pôr fim a um confronto armado de mais de meio século e tem como observadores Cuba e Noruega.

Até o momento, a mesa se centrou no tema do desenvolvimento agrário, o primeiro de uma agenda de seis que inclui as garantias para a participação política, o fim do conflito armado e a solução ao problema das drogas ilícitas, entre outros.

Fonte: Prensa Latina