Mulheres no mercado de trabalho é tema de exposição fotográfica

A exposição fotográfica Profissão Mulher: Um olhar sobre a questão de gênero no mercado de trabalho está em exposição no saguão de entrada da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) até a próxima sexta-feira (22/03). São dez painéis com fotografias em 80cmX60cm, de mulheres baianas no cotidiano de suas profissões, em funções antes dominadas por homens e consideradas ainda tabu ao universo feminino, a exemplo da mecânica, taxista, executiva e parlamentar.

A mostra tem o apoio da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Bahia (CTB), seção Bahia, da Assufba – Sindicato dos Trabalhadores da UFBA e UFRB e da União Brasileira de Mulheres (UBM), no estado. A exposição pode ser visitada das 8h às 18h.

De acordo com os fotógrafos, “a ideia é sensibilizar a sociedade, pois, muito embora o Brasil experimente avanços a exemplo da Lei Maria da Penha, do ponto de vista das relações de trabalho, a mulher continua enfrentando grandes desafios, que a coloca como maioria dos desempregados e ganhando menos para exercer a mesma função que os homens”, explica a jornalista e idealizadora do projeto Wilde Barreto, que divide a autoria da mostra com o repórter fotográfico Américo Barros.

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CTB-BA, Rosa de Souza, "a desigualdade de gênero ainda é um mal invisível que precisa entrar com maior força na agenda de debates dos parlamentares". Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Salvador (PED-RMS) é registrado o aumento na inserção da mulher no mercado de trabalho, entretanto, elas ainda são maioria dos desempregados (57,2%) e têm rendimento médio mensal que corresponde a 76,5% do que ganham os homens.

A exposição mostra mulheres em funções que vão de operárias à presidenta de um grande grupo empresarial. Quem visita a mostra consegue desconstruir um padrão atrasado e discriminatório que impõe a mulher estatísticas como a que as colocam em menor número no chão das fábricas e nos cargos funcionais e administrativos, representando apenas 35% desta mão de obra. No país, de cada 10 cargos executivos existentes nas grandes empresas, apenas um é ocupado por mulher.

O fotógrafo Américo Barros, que já registrou diversas ações de movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores no estado, lembra que a Bahia tem um motivo especial para debater este tema. “Salvador é a capital brasileira com o maior número de mulheres chefiando famílias (43,5%), por isso é tão especial lutar pelo fim dessa discriminação e alertar sobre a necessidade de ampliar o espaço da mulher no mercado de trabalho”, explica.

Personagens

Uma da mulheres fotografadas, a taxista Lídia Barbosa há cinco anos trabalha com o táxi do pai para custear os estudos. Apaixonada por direção, ela diz ter orgulho do que faz. “Todo mundo estranha muito, meu pai resistiu na época, mas logo o convenci. Sinto que os colegas respeitam e me ajudam”, diz ela. Quando perguntada sobre a reação dos clientes, Lídia lamenta que dois passageiros já tenham questionado e até deixado de fazer a corrida por se tratar de uma mulher ao volante. “O mais triste é que eram mulheres. Aí a gente percebe que o preconceito também está na gente”, revela, lembrando a necessidade de construir novas referências.

Entre as mulheres fotografadas estão também a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), única mulher entre os 39 deputados da bancada baiana na Câmara; a presidente do Grupo Master Glasses, Elisabete Sousa, e Alessandra Godinho (Dadinha), única mulher entre os 600 pescadores registrados na Colônia do Rio Vermelho, a passar temporada pesca no mar.

A exposição foi exposta em dois grandes shoppings de Salvador, no ano anterior, e, ao mesmo tempo em que homenageia o público feminino pelo Mês da Mulher, propõe ainda um diálogo sobre inúmeras questões relacionadas a equidade de gênero no trabalho.

“Procuramos abordar a questão da licença maternidade, que lutamos para ser ampliada a 180 dias, o poder da emancipação econômica no combate à violência contra a mulher, além de atentar para as duplas e triplas jornadas, que fazem com que elas dividam seu tempo entre tarefas da casa, dos estudos e da profissão”, avalia Wilde Barreto.

Fonte: CTB-BA