Afeganistão assume segurança interna com saída gradual da Otan
O governo do Afeganistão assumiu oficialmente, nesta terça-feira (18), a responsabilidade sobre a segurança em todo o território do país. A cerimônia oficial de transferência foi realizada numa academia militar nos arredores de Cabul, capital do país, com a presença do presidente Hamid Karzai e do secretário-geral da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen.
Publicado 19/06/2013 10:54

Durante a cerimônia, Rasmussen disse que a transferência é um marco no processo de retirada das tropas da Otan do país. "O foco das nossas tropas se transfere do combate para o apoio", declarou.
A maioria dos 100 mil soldados das tropas internacionais, que estão no país desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2001, deverá deixar o Afeganistão até o final de 2014, depois de 12 anos de combates contra o Talibã e de ocupação militar do país.
Segundo o secretário-geral, os soldados internacionais vão continuar apoiando os militares afegãos em caso de necessidade. "Mas não vamos mais planejar, executar ou liderar essas operações", afirmou.
Já Karzai anunciou o enviou de um grupo de negociadores para o Catar a fim de iniciar conversações de paz com o Talibã. O presidente espera, porém, que as negociações de paz sejam transferidas em breve para o Afeganistão.
"Nós esperamos que nossos irmãos talibãs entendam que as negociações devem ser transferidas para o nosso país em breve", disse Karzai. O Talibã não comentou o anúncio.
No mesmo sentido, também suspendeu as conversações com os Estados Unidos sobre a segurança do país, em reação ao anúncio das conversações entre os EUA e o Talibã. “Há uma contradição entre o que o governo estadunidense diz e o que faz a respeito das negociações de paz”, assinalou Aimal Faizi, porta-voz do presidente Karzai.
Os EUA pretendem desempenhar um papel ativo nas negociações com o Talibã, anunciadas pelo grupo na mesma ocasião do anúncio de abertura do seu escritório político no Catar, nesta terça-feira (18). Karzai demonstrou-se incomodado com o nome dado ao escritório, “Emirado Islâmico do Afeganistão”, nome do regime do Talibã antes da invasão estadunidense do Afeganistão, em 2001.
Segurança interna
Ainda existem dúvidas se as forças de segurança locais, compostas por 352 mil soldados, serão capazes de fazer frente à insurgência crescente após a maioria das tropas estrangeiras deixarem o país, no final de 2014. No início da manhã desta terça, um atentado à bomba em Cabul deixou um clima de incerteza no ar.
O atentado causou a morte de três pessoas e deixou 21 feridas. O alvo principal era o deputado Mohammad Mohaquiq, que escapou ileso. Há uma semana, um ataque ao aeroporto da capital afegã e a explosão de uma bomba do lado de fora da Suprema Corte mataram ao menos 17 pessoas. As ações foram reivindicadas pelo Talibã.
Chamado de "Marco 2013" pela Otan, o processo de retirada de todos os soldados da Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) deve ser concluído no final de 2014. A força de segurança afegã tem sido formada e treinada de forma acelerada pela coalizão internacional. Em 2009, o efetivo das forças locais chegava a 40 mil, mas atualmente é quase nove vezes maior.
Entretanto, as convesações com o Talibã, previstas para iniciar-se em breve, ainda não foram desenvolvidas, e o encontro previsto para a próxima semana será dedicado à troca de perspectivas para as negociações futuras. Por isso, os atores mais diretamente ligados à questão, o governo afegão e o grupo Talibã devem conduzir a questão, embora a influência direta dos Estados Unidos e do Paquistão, por exemplo, seja patente.
Com agências,
da redação do Vermelho