Direitistas espanhóis evitam intimação de premiê
O governista Partido Popular (PP) espanhol conseguiu bloquear nesta sexta-feira (6) no Congresso dos Deputados duas convocações para depoimento ao presidente do Governo, Mariano Rajoy, pelos escândalos de corrupção que atingem seu partido político.
Publicado 06/09/2013 15:24
O PP fez valer sua maioria na Mesa do Congresso – órgão de governo da Câmara baixa – para recusar os pedidos protocolados nesse sentido pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e pela coalizão Esquerda Unida (EU).
As duas principais forças da oposição registraram na Câmara baixa novos requerimentos para interrogar o chefe do Executivo sobre um suposto financiamento ilegal do PP, segundo denunciou seu ex-tesoureiro Luis Bárcenas, preso por corrupção.
Tal e como fizeram em três ocasiões anteriores com iniciativas similares (duas do PSOE e uma da EU), os direitistas argumentaram que o conteúdo das convocações não se ajusta ao previsto no artigo 181 do Regulamento do Congresso.
Esse regulamento estabelece que esse tipo de medidas "serão sobre os motivos ou propósitos da conduta do Governo em questões de política geral, do Executivo ou de algum departamento ministerial".
Os socialistas mudaram precisamente a redação de seu pedido e eliminaram toda referência expressa ao suposto financiamento irregular do partido agora no poder durante pelo menos 20 anos (1990-2008).
O PSOE optou por apresentar um pedido urgente ao presidente sobre "a política geral do Governo em matéria de responsabilidades políticas como consequência das falsidades sustentadas em comparecências perante o Parlamento".
Nos últimos 15 dias, os socialistas tentaram sem sucesso em duas ocasiões levar Rajoy ao Congresso, mas o PP bloqueou ambas as iniciativas graças à maioria absoluta que ostenta nas Cortes Gerais (Parlamento bicameral espanhol).
Na opinião da organização liderada por Alfredo Pérez Rubalcaba, o presidente mentiu à Câmara baixa em sua ida do dia 1 de agosto, na qual afirmou que Bárcenas já não tinha relação com o PP quando ele assumiu o poder, em dezembro de 2011.
Para o PSOE, a mentira ficou patente quando a secretária-geral dos populares, María Dolores de Cospedal, disse perante a justiça que foi o próprio Rajoy, junto a Javier Areias, que acordou com o ex-tesoureiro manter o salário até janeiro de 2013.
Rubalcaba insistiu ontem em pedir a renúncia do governante, depois que o ex-gerente do PP, Cristóbal Páez, admitiu ter cobrado retribuições opacas, como parte de uma hipotética contabilidade paralela no seio do partido conservador.
Mentiu gravemente perante o Parlamento e, portanto, o que tem que fazer é renunciar, enfatizou o líder da oposição.
Por sua vez, o coordenador federal da EU, Cayo Lara, indicou que Rajoy não pode continuar escondido e tem que explicar tudo isto no Congresso, sem mentiras, sem rodeios e sem debochar dos cidadãos como, segundo sua opinião, já fez no dia 1 de agosto.
Fonte: Prensa Latina