Família de Víctor Jara quer que assassino seja julgado nos EUA
A família do cantor e ativista político chileno Víctor Jara diz ter descoberto o mistério envolvendo a morte que aconteceu há 40 anos, durante o golpe militar de 1973, quando Augusto Pinochet derrubou o então presidente Salvador Allende. Até o momento, não foram identificados os autores do assassinato do cantor, um dos crimes mais emblemáticos da ditadura instaurada no país.
Publicado 06/09/2013 17:54

Na quarta-feira (4), foi apresentada uma ação civil contra o ex-tenente do exército chileno Pedro Barrientos Núñez alegando que ele ordenou aos soldados que torturasse Jara e que ele mesmo tenha atirado contra a cabeça do cantor, enquanto jogava "roleta russa" em um vestiário do Estádio Chile.
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"A ação foi ajuizada na Flórida, contra Pedro Pablo Barriento Nunez ex-oficial do exército chileno que atualmente reside em Deltona, Flórida", como informa um comunicado da ONG Centro de Justiça e Responsabilidade(CJA) e dos advogados Chadbourne & Parke, representantes da família nos Estados Unidos.
A ação diz que outro oficial reconheceu o cantor ao ser levado ao vestiário, mas não identifica os nomes das testemunhas. A viúva do cantor, Joana Jara, e suas filhas, pediram indenizações não especificadas por danos e prejuízos.
A representante legal da família disse que Barrientos foi notificado pessoalmente na noite anterior quando saia de sua casa na Flórida, onde vive como cidadão norte-americano.
A acusação deve se dar com base nas leis estadunidenses de violações aos direitos humanos cometidas em outros países. A família tentará provar a sua teoria em um tribunal federal de Jacksonville, Flórida.
A denúncia inclui acusações "para os crimes de tortura, assassinatos extrajudiciais e crimes contra a humanidade", e corre paralelo ao pedido de extradição de Barrientos realizada pela Justiça do Chile aos Estados Unidos em janeiro passado.
"Esta ação serviria para o processo de extradição está em curso", disse à AFP Nelson Caucoto, advogado da família de Jara.
Ator, diretor de teatro e cantor Victor Jara alcançou a fama com canções como "Te recuerdo Amanda", "El cigarrillo" ou " El derecho de vivir en paz", melodias de amor e de protesto social que fizeram dele um ícone da música popular latino-americana.
Membro do Partido Comunista e ardente defensor do projeto da Unidade Popular, encabeçado por Allende, foi preso um dia depois do golpe e torturado junto com outros 5 mil prisioneiros no Estádio Chile, no centro de Santiago, usado na época como centro de tortura e que hoje leva o nome do cantor.
Com informações da Associated Press e da AFP