Big Data: a 'caixa de pandora' das operadoras de telefonia
Você acredita no bom senso das operadoras de telefonia, líderes em reclamações nos procons? Nesta semana, o Congresso Nacional deve votar o projeto de lei do Marco Civil da Internet, que tramita em regime de urgência, cujo prazo termina nesta segunda-feira (28). Um vídeo no YouTube revela o que pretendem de fato as operadoras de telefonia com o Marco Civil: regulamentar o mercado de Big Data (armazenamento de dados do usuário, por onde ele trafegou na rede, de comentários em posts de redes sociais a sites e portais varejistas).
Publicado 28/10/2013 14:46
Ana Claudia Oliveira, diretora de Desenvolvimento de Negócios da Pivotal Brasil, faz revelações surpreendentes em uma entrevista sobre o mercado de Big Data. Entre gaguejos e engasgos, ela conta no que pretendem transformar o Marco Civil da Internet: “O Big Data não é uma coisa nova, essas informações já estão ai disponíveis. O que faltava era uma disciplina que pudesse organizar os processos necessários para aproveitar essas informações e tecnologia a um custo mais efetivo, que suportasse essa ideia. Então, todo mundo ansiava por isso. Agora que já existe essa experiência pregressa e tecnologia a um custo mais barato, não tem porque essa onda de fato não acontecer e não chegar na praia. As empresas estão adotando. Claro que o processo de adoção é um processo longo, porque é uma mudança de paradigma, com relação a administração e a governança de informação, os aspectos de segurança, mas ele pegou e é uma questão de tempo agora todas as empresas terem de fato um projeto para se aproveitarem disso".
A diretora Pivotal Brasil não só explica como as operadoras de telefonia já estão utilizando os nossos dados na internet (com o Big Data) – sem qualquer autorização para isso, por isso não abrem os nomes das operadoras que adotam tal prática –, como também se enrola ao falar de espionagem X privacidade de dados, reconhecendo que é uma questão de fazer um bom uso disso ou não.
“O big data passa por você ter acesso integral a toda e qualquer informação que passa por suas mãos. Você fazer um bom uso disso, ou não, passa por uma … situação mais ética e moral das organizações, e que é muito particular. A gente acredita que é preciso de fato haver uma regulamentação em torno do sigilo e da privacidade dessas informações para que não haja o que houve nos Estados Unidos, que se utilizou de informações que teve acesso para fins que não justificava os meios. Então, isso é inerente à tecnologia, fazer bom uso delas passa por uma questão de bom senso, mas se o bom senso não impera a gente de fato (engasga)… Até provoca reuniões com a Anatel e o próprio governo para que haja uma regulamentação não só sobre o big data mas sobre o uso da internet como um todo no Brasil e no Mundo. Existem meios de proteger, mas se você encapsula muito as informações você tira todo o aspecto do big data, que é ter acesso a tudo. A questão é que uso você vai fazer dessa informação”, conta Ana Claudia Oliveira.
Ela conta, ainda, que já há cases fora e dentro do país. “Não posso abrir o nome até porque isso traz um diferencial competitivo e nenhuma operada quer abrir a caixa de pandora e seus segredos”.
A Pivotal também está negociando com a prefeitura do Rio de Janeiro, com base na negociação que fez com Londres, durante as Olimpíadas, que a partir do geoposicionamento dos turistas pode monitorar o fluxo de pessoas pela cidade. Imagine as possibilidades que isso não dará à prefeitura carioca e outros governos. A Pivotal Brasil foi criada em abril de 2013 pela EMC, com investimentos conjuntos da VMware e General Electric (GE) para explorar o “mercado de nuvem e big data”. A empresa está avaliada em US$ 1 bilhão.
Fonte: Marco Civil Já