Protestos contra política de arrocho intensificam-se em Portugal
Em Portugal, o “Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta”, convocado pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) para terça-feira (26) mobilizou centenas de milhares de trabalhadores, e fez daquele o dia da rejeição popular ao Orçamento de Estado para 2014 e à política de arrocho e empobrecimento do povo.
Publicado 29/11/2013 15:58

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP-IN, apontou a importância da jornada e da dimensão da resposta ao apelo da central. “Saudamos os milhares de trabalhadores da administração central e local, das empresas do setor público e privado, os aposentados e os jovens que, unidos, desenvolvem centenas de ações por todo o país.”
Carlos interveio durante a grande concentração em frente à Assembleia da República, onde poucos minutos depois seria votado o Orçamento do Estado (OE) para 2014.
Para o secretário-geral, os manifestantes fizeram daquele “o dia da rejeição popular do orçamento e, a uma só voz, rejeitam a destruição provocada pela política de direita, exigem a demissão deste Governo e a convocação de eleições antecipadas”.
Trata-se de um governo que, “pelo terceiro ano consecutivo, apresenta um OE que destrói a economia, prolonga a recessão e aumenta a dívida”; que “dizima o emprego e generaliza a precariedade, provoca o desemprego e a emigração forçada, esmaga os salários e as pensões e reduz os apoios sociais.”
Este é “o orçamento que aprofunda a exploração e o empobrecimento, ao mesmo tempo que cria mais milionários”; que “corta nos trabalhadores da Administração Pública, para esbanjar nos juros pagos à alta finança, ao Banco Espírito Santo, Banco Comercial Português, Santander e outros”, afirmou.
Arménio Carlos apontou tratamentos diferentes verificados em alegadas soluções para a crise e a dívida. O OE “corta nas pensões e rasga o contrato social com os trabalhadores”, ao mesmo tempo que o Partido Social Democrata e o Partido do Centro Democrático Social “consideram intocáveis os contratos das parcerias público-privadas; corta na educação, na saúde e na proteção social, ao mesmo tempo que despeja milhões para os cofres da banca, com os contratos swap”.
Além disso, Carlos denunciou a política de pressão sobre o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) dos trabalhadores e aposentados, ou seja, “vai ao bolso dos que menos têm e menos podem, para depositar o fruto do saque no buraco sem fundo do Banco Português de Negócios”, e cobra o Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) da mesma forma àqueles “que consomem eletricidade, para aquecer as suas residências, e os que compram Ferraris e outros bens de luxo, para saciarem caprichos”.
Feitas as contas, “são dezenas e dezenas de bilhões de euros que o PSD e o CDS, ao longo destes três anos, desviam do trabalho para o capital, da economia para a especulação, do desenvolvimento para o retrocesso”. Assim se explica que “o Orçamento é um roubo, quem paga é o povo”, como neste dia se gritou por todo país.
Endurecer a resistência
A manifestação junto do Parlamento teve origem em manifestações que saíram de cinco pontos da capital portuguesa, Lisboa.
Para muitos destes milhares de trabalhadores no ativo, no desemprego ou na aposentadoria, o dia de rejeitar o orçamento tinha começado horas antes, fosse com greves e plenários em empresas e serviços, fosse com iniciativas públicas.
Para outros, a rejeição do orçamento teve seguimento quando se dirigiram aos Ministérios das Finanças, da Economia, da Saúde e do Ambiente, defendendo reivindicações que procuram repor prejuízos aos serviços sociais.
Para todos, a rejeição do OE e a exigência de mudança de política e de governo deverá ter continuação nas próximas semanas e alargar-se a muitos daqueles que não se fizeram ouvir durante as manifestações.
A CGTP-IN decidiu lançar um movimento nacional pelo aumento dos salários e do salário mínimo nacional, a partir dos locais de trabalho e com base na dinamização da contratação coletiva e da ação reivindicativa.
A sindical realizará, entre 16 e 20 de dezembro, uma semana de ações públicas de trabalhadores e da população, em geral, em todas as regiões, pelo aumento dos salários e das pensões, contra os cortes previstos no OE, pelo emprego com direitos e pela proteção social para todos os desempregados. Para o dia 19 de dezembro, está marcada uma concentração em frente à Presidência da República.
Ao apelar a uma ampla mobilização para estas próximas batalhas, Arménio Carlos sublinhou que “este é um tempo que exige a participação de todos, trabalhadores com vínculos efetivos e precários, desempregados, aposentados e pensionistas, jovens, mulheres e todos os outros setores e camadas atingidos pela política de direita” e “um tempo de endurecer e intensificar a luta pela mudança urgente e inadiável”.
Com o jornal Avante!
Da redação do Vermelho