Desemprego atinge quase 8 milhões de jovens na América Latina
Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (13) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que 7,8 milhões de jovens latino-americanos entre 15 e 24 anos estão desempregados, o que equivale a 13,9% do total da força de trabalho nesta faixa etária, estimada em 56 milhões de pessoas. No Brasil, a situação é melhor, segundo a pesquisa reduziu-se a informalidade no emprego juvenil.
Publicado 13/02/2014 15:56
Segundo o relatório Trabalho Decente e Juventude na América Latina: Políticas para Ação, 27 milhões de jovens trabalham na economia informal e 21,8 milhões não estudam, nem trabalham. Os dados da pesquisa referem-se a 2011.
De acordo com a OIT, a situação de crescimento econômico com emprego registrada nos últimos anos na América Latina não foi suficiente para melhorar a oferta de trabalho para os jovens, que continuam enfrentando um cenário pouco otimista em que persistem o desemprego e a informalidade.
“Sabemos que existe preocupação com a situação do emprego dos jovens. É urgente passar da preocupação à ação. É evidente que o crescimento [econômico] não basta”, disse a diretora regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco. “Estamos diante de um desafio político que demanda uma demonstração de vontade na aplicação de políticas inovadoras e de efetividade para enfrentar os problemas da precariedade laboral.”
Na América Latina, existem cerca de 108 milhões de jovens, dos quais cerca de 56 milhões fazem parte da força de trabalho, isto é, têm emprego ou estão buscando uma ocupação. Os jovens representam 43% do total de desempregados da região, segundo o relatório. A taxa de desemprego juvenil, de 13,9%, é o dobro da taxa geral e o triplo da dos adultos, diz a OIT. O estudo também destaca a gravidade da situação das mulheres jovens, entre as quais a taxa de desemprego alcança 17,7%. Entre os homens jovens, os desempregados são 11,4%.
Sobre a qualidade do emprego, o relatório informa que 55,6% dos jovens latino-americanos ocupados somente conseguem empregos informais, o que geralmente implica baixos salários, instabilidade laboral e carência de proteção de direitos sociais.
Além disso, somente 37% dos jovens na região contribuem para a seguridade social e apenas 29,4% para o sistema de aposentadoria. De todos os jovens que são assalariados, apenas 48,2% têm contrato assinado, enquantos os assalariados nessa condição somam 61%, diz a organização.
“Não é casual que os jovens sejam defensores dos protestos de rua quando suas vidas estão marcadas pelo desalento e pela frustração por causa da falta de oportunidades. Isso tem consequências sobre a estabilidade social e inclusive sobre a governabilidade democrática”, afirmou a diretora da OIT.
Pesquisa da OIT mostra que Brasil reduziu informalidade no emprego juvenil
O relatório revela queda nos índices de emprego informal entre os jovens brasileiros, de 52,6% em 2007 para 41,6% em 2011. No Brasil, diversos fatores econômicos e sociais, assim como políticas públicas, explicam o aumento da formalidade no mercado de trabalho, diz o documento.
A pesquisa também informa que a probabilidade de desemprego entre os jovens no Brasil tem se mantido estável, em torno de 20%, ao passo que a taxa geral é 7%.
Segundo a OIT, no Brasil, as políticas macroeconômicas estimularam a demanda por trabalhadores em ocupações formais, enquanto as mudanças demográficas e a maior permanência dos jovens no sistema educacional contribuíram para reduzir a oferta de jovens no mercado de trabalho. Alterações feitas na legislação promoveram maior formalização.
O relatório destaca que a Lei do Simples Nacional simplificou o registro das pequenas e médias empresas e diminuiu a carga tributária. Além disso, houve melhora na fiscalização trabalhista e maior consciência da importância da formalização entre os trabalhadores.
A OIT afirma que, no caso do emprego juvenil, é necessário tomar medidas especificamente planejadas para atender às necessidades deste setor da população. O documento enfatiza que não existem receitas únicas e que a situação de cada país é diferente, mas existem exemplos de experiências inovadoras que podem ser adaptadas.
Algumas dessas experiências apontam para a melhoria e extensão dos programas de formação e capacitação para facilitar a transição entre a escola e o trabalho e permitir que os jovens tenham mais qualificação ao procurar emprego para que respondam às necessidades do mercado laboral. Os programas de promoção do emprego destinados a beneficiar os jovens por meio de incentivos para a contratação e a simplificação de trâmites burocráticos também devem ser estimulados.
“Nos últimos anos, adquiriu-se muita experiência sobre a forma de enfrentar os obstáculos nos quais os jovens tropeçam ao ingressar no mercado de trabalho. O desafio é colocá-la em prática, estender sua aplicação, tanto geográfica como temporalmente, e otimizar seu planejamento para que seja eficiente”, disse Guillermo Dema, especialista regional da OIT em emprego juvenil.
Fonte: Agência Brasil